A Intel, uma das maiores empresas mundiais no desenvolvimento de processadores, anunciou uma reestruturação profunda que vai alterar significativamente a sua presença na Europa e na América Central. O novo CEO da empresa revelou que, até ao final de 2025, cerca de 33 mil trabalhadores vão sair da empresa, reduzindo o quadro global para aproximadamente 75 mil funcionários. Esta decisão marca uma das maiores reduções de pessoal da história da tecnológica, com impacto direto em vários países europeus e na Costa Rica.
A estratégia de expansão da Intel na Europa sofreu um revés significativo. Foram suspensos os projetos de construção de novas fábricas e centros de investigação em países como a Alemanha e a Polónia, onde estavam previstos investimentos de dezenas de milhares de milhões de euros. O projeto mais emblemático era a mega fábrica de Magdeburgo, na Alemanha, considerada a grande aposta da Intel para reforçar a produção de processadores no continente europeu. Também em França, Itália e Espanha, os planos de desenvolvimento de centros de investigação e produção foram postos de parte, restando apenas a fábrica da Irlanda como principal pilar europeu da empresa.
O CEO da Intel, Patrick Gelsinger, explicou que estes investimentos ficam adiados por, pelo menos, dois anos, justificando a decisão com a necessidade de adaptar o ritmo de investimento à procura do mercado. Sublinhou ainda que a empresa está a passar de uma fase de investimento acelerado para uma abordagem mais cautelosa e flexível.

Costa Rica perde operações industriais, mas mantém investigação
No continente americano, a Costa Rica também foi fortemente afetada pela reestruturação. A Intel confirmou que vai consolidar as operações de montagem e teste de processadores, transferindo grande parte destas atividades para o Vietname. Isto significa o fim das operações industriais no país, onde a empresa empregava mais de 3.400 pessoas. No entanto, a Intel vai manter o seu centro de investigação e serviços na Costa Rica, preservando cerca de mil postos de trabalho qualificados.
Esta saída representa um duro golpe para a economia costarriquenha, uma vez que a Intel era responsável por uma fatia importante das exportações nacionais e foi um dos principais motores de modernização tecnológica do país desde a sua chegada em 1997.
Motivações e consequências para o sector tecnológico
A decisão de encolher drasticamente as operações e suspender investimentos acontece num contexto de resultados financeiros aquém do esperado e de uma forte concorrência no sector dos processadores. Nos últimos anos, a Intel tem sido ultrapassada por outras empresas do setor, o que levou a administração a repensar a sua estratégia global.
Com esta reestruturação, a União Europeia vê esfumar-se a esperança de reforçar a produção de processadores em solo europeu, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros. Milhares de postos de trabalho que estavam previstos para os próximos anos deixam de existir, e milhões de euros em apoios e incentivos ficam agora sem destino.
A reorientação da Intel demonstra como o sector tecnológico está sujeito a mudanças rápidas, obrigando empresas, governos e trabalhadores a adaptarem-se constantemente a novas realidades de mercado.
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