Ser um dos primeiros a adotar um novo smartphone Pixel é, muitas vezes, uma montanha-russa de emoções. De um lado, tens a emoção de ter nas mãos a mais pura e inteligente experiência Android. Do outro, tens o receio constante da “maldição do Pixel”, a infame tradição de bugs de software que parecem assombrar quase todos os lançamentos de hardware da Google. Nas últimas 24 horas, essa maldição atacou de forma particularmente violenta.
Um bug grave começou a afetar um número significativo de proprietários do novo Pixel 10, fazendo com que as aplicações se recusassem a abrir ou fechassem instantaneamente, transformando os seus smartphones topo de gama em pouco mais do que dispendiosos pisa-papéis. A boa notícia? Após algumas horas de pânico e frustração, a Google já distribuiu uma correção que parece ter resolvido o problema. A má notícia? O incidente é mais um embaraçoso capítulo na longa história dos problemas de controlo de qualidade da empresa.
O “incidente”: o que aconteceu exatamente?
O problema manifestou-se de forma súbita e incapacitante. Os utilizadores afetados relataram que, sem qualquer aviso, todas ou quase todas as aplicações nos seus Pixel 10 deixaram de funcionar. Tentar abrir uma aplicação resultava num fecho imediato ou simplesmente não acontecia nada. Reiniciar o smartphone parecia resolver o problema para alguns, mas apenas temporariamente.
A escala do problema foi tal que a Google o classificou internamente como um “incidente”, uma designação de alta prioridade que, segundo fontes da indústria, mobiliza múltiplas equipas de engenheiros para trabalharem numa solução com a máxima urgência. Aparentemente, o bug estava limitado à série Pixel 10, não afetando outros dispositivos Android.

A solução rápida: o poder do “lado do servidor”
Felizmente, a resolução chegou de forma tão rápida como o problema apareceu. Em poucas horas, a Google conseguiu implementar uma correção do lado do servidor.
O que é que isto significa? Significa que não precisaste de descarregar uma atualização completa do sistema operativo. A Google conseguiu corrigir o problema através de uma pequena atualização a um componente central do Android, provavelmente os Google Play Services, que é distribuída de forma silenciosa e automática em segundo plano. É uma demonstração da agilidade do ecossistema Android para resolver crises, mas também levanta a questão de como um bug tão grave conseguiu ser distribuído em primeiro lugar.
“Déjà vu”: a maldição do controlo de qualidade da Google ataca outra vez
Para os fãs de longa data da linha Pixel, esta história é dolorosamente familiar. A reputação da Google no que toca ao controlo de qualidade de software nos seus lançamentos de hardware é, para ser simpático, irregular. Incidentes semelhantes de falhas generalizadas de aplicações já ocorreram em 2021 e 2023.
Este novo “incidente” junta-se a uma lista crescente de problemas que já afetam a série Pixel 10, lançada há apenas um mês:
- O “fantasma” do ecrã: Um bug persistente que causa o aparecimento de estática e artefactos no ecrã, e que, para alguns utilizadores, ainda não foi totalmente resolvido, apesar de múltiplas tentativas de correção.
- Vídeo tremido: Relatos de que um bug na API da câmara está a causar problemas de estabilização na gravação de vídeo.
A frase “a Google parece estragar alguma coisa com quase todas as grandes atualizações do Pixel” tornou-se um cliché na comunidade tecnológica, mas episódios como este provam que o cliché tem um fundo de verdade. A empresa vai agora conduzir uma análise interna para perceber como é que uma falha desta magnitude passou pela sua rede de testes, mas para os utilizadores afetados, o dano na confiança já está feito.
Se o teu Pixel ainda estiver a sofrer com o problema, a recomendação é simples: reinicia o smartphone e garante que tens a versão mais recente dos Google Play Services, verificando as atualizações na Play Store. Para a maioria, o pesadelo de ter um pisa-papéis de 1000€ já deverá ter terminado. Pelo menos, por agora.
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