Já liderou o mercado dos smartphones mas os últimos tempos têm sido difíceis. Agora, os executivos da Blackberry estudam a hipótese de vender a companhia canadiana. A empresa está a ponderar “explorar alternativas estratégicas.
São várias a hipóteses que estão em cima da mesa: a Blackberry pode saír da bolsa, ser vendida como um todo ou ver algumas das suas principais divisões serem compradas em separado. Tudo está em equação menos a continuação do status quo que levou aquela que em tempos não muito distantes era líder incontestável do mercado dos smartphones a ter uma expressão quase inexistente, estando mesmo atrás da perfomance da Nokia e do Windows Phone.
A Blackberry é mais um exemplo de como o mercado mobile é extremamente competitivo. Definiu o segmento e era sinónimo de segurança, fiabilidade e até de status. Ainda há bem pouco tempo era sinónimo de profissionalismo e de poder, tendo em Barack Obama o seu mais conhecido fã. Mas até o presidente norte-americano já tem sido visto em reuniões com outro tipo de dispositivos e de outras marcas.
A empresa que até ao início deste ano se chamava Research In Motion (RIM) está em sérias dificuldades para acompanhar a ofensiva avassaladora da Apple e dos dispositivos Android. Demorou uma eternidade a atualizar o seu sistema operativo/operacional e adiou por meses o lançamento de uma nova gama de smartphones.
Os analistas afirmam que a empresa canadiana dormiu na forma, confiando em demasia no seu sistema de email para potenciar os clientes empresariais. Mas o que o iOS e o Android trouxeram de novo e que revolucionou a indústria foi a criação de um ecossistema. “É preciso um ecossitema; é necessário oferecer a mesma experiência em dispositivos diferentes”, afirma Carolina Milanesi – analista da Gartner ao The Guardian – para reforçar, lembrando que hoje o que as pessoas querem de um smartphone tem mais a ver com fotos, vídeos e música: “atualmente, as pessoas já não querem serem enfadonhas nos negócios”.
O erro da Blackberry é em tudo semelhante ao cometido pela Nokia, que não se apercebeu a tempo da força e potencialidades redefinidoras do sistema operativo/operacional Android criado pela Google. Só que enquanto a empresa finlandesa criou uma estratégia alternativa com o objetivo de voltar a ser um player importante no segmento, a Blackberry parece ter entrado em transe.
A falta de uma resposta efetiva às alterações do mercado foi altamente penalizante para a empresa canadiana, que viu o seu valor em bolsa descer de uma forma assustadora. A Blackberry vale hoje um décimo do valor em bolsa que registava em 2008, estando atualmente cada ação a 10,78 dólares.
O primeiro dispositivo da Blackberry (então RIM) foi lançado em 1999 e foi uma revolução. Era um pager para email que possibilitava aos executivos o receber e enviar emails onde quer que se encontrassem. A partir daqui e durante sete anos, os canadianos lideraram no setor e eram vistos como a companhia dos profissionais.
Mas com o surgimento do primeiro iPhone em 2007 o jogo mudou de figura e os smartphones tornaram-se dispositivos para multimédia, algo que a Blackberry não soube entender a tempo. Já teve 50 por cento da quota de mercado dos smartphones nos Estados Unidos e hoje apenas é responsável por 3 por cento.
Daí que a decisão agora conhecida da administração não seja uma surpresa. A Blackberry está no mercado. Poderá sair de bolsa, ser vendida como um todo ou em partes. E existe a grande probabilidade de sair do mercado global dos smartphones, investindo o seu esforço em nichos de mercado em que os clientes apostam mais fortemente na segurança dos seus dispositivos.
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