
O matemático brasileiro Artur Avila, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS — órgão do governo francês), será o primeiro latino-americano a receber a Medalha Fields, considerada o “Nobel” da matemática, no Congresso Internacional de Matemáticos, a ser realizado em 13 de agosto na cidade sul-coreana de Seul.
A outra novidade da premiação ficou por conta da iraniana Maryam Mirzakhani, pesquisadora da Universidade Stanford e primeira mulher contemplada com a medalha desde que esta foi criada, em 1936. Além de Avila e Mirzakhani, os matemáticos Manjul Bhargava (Universidade de Princeton) e Martin Hairer (Universidade de Warwick, Reino Unido) também serão premiados.
A Medalha Fields, cujo nível de importância é comparável ao do Prêmio Nobel — lembrando que não existe um Prêmio Nobel de Matemática — é concedida por instituição de mesmo nome sediada em Toronto, no Canadá, a jovens pesquisadores (com idade inferior a 40 anos) de reconhecida contribuição à matemática. A entrega da honraria ocorre a cada quatro anos e ainda inclui um prêmio de 15 mil dólares canadenses — cerca de R$ 31,3 mil, ou € 10,2 mil — aos vencedores.
Avila fez profundas contribuições à teoria dos sistemas dinâmicos, campo da matemática que estuda a evolução de complexos sistemas naturais (como as órbitas dos corpos celestes) e humanos (e.g., mercado financeiro). Alguns sistemas dinâmicos são considerados caóticos, ou seja, existe altíssima imprevisibilidade quanto ao seu estado futuro, uma vez que pequenas variações introduzidas hoje podem provocar grandes mudanças no futuro.
Mesmo trabalhando em problemas aplicados a diversas áreas, como a evolução temporal de sistemas quânticos, Avila trabalha com matemática pura. “Meus interesses e motivações são puramente matemáticos”, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo. “Mesmo quando trabalho com problemas originados na física, não me importo com possíveis aplicações”, completou.
Já o feito mais notável de Mirzakhani diz respeito à consolidação algébrica das trajetórias de sistemas como os descritos pelo “problema dos três corpos” da dinâmica celestial, que envolve as interações entre três corpos celestes, por exemplo, Sol, Terra e Lua. Apesar de tal problema não ter solução matemática exata, a pesquisadora descobriu que as evoluções desses sistemas “estão firmemente condicionadas a seguir leis algébricas”, de acordo com Curtis McMullen, da Universidade Harvard.
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