Donald Trump assinou esta segunda-feira um decreto executivo para criar um “fundo soberano norte-americano” que poderá adquirir o TikTok. A iniciativa, liderada pelo Departamento do Tesouro e pelo Comércio, tem como objetivo proteger dados de utilizadores através da nacionalização parcial da plataforma.
A estrutura financeira deste mecanismo permanece pouco clara, mas o ex-presidente mencionou anteriormente a possibilidade de usar tarifas alfandegárias e outras fontes não especificadas para financiá-lo. Especialistas em política internacional questionam a viabilidade do plano, lembrando que os EUA nunca tiveram um fundo soberano nos moldes de países como a Noruega ou Singapura.
Cronologia do conflito comercial
Há 75 dias, Trump atrasou a proibição total da aplicação nos territórios norte-americanos — uma decisão que mantém o TikTok operacional, mas invisível nas lojas digitais da Apple e Google. Durante 12 horas, a plataforma chegou a desaparecer completamente dos dispositivos, num episódio que revelou a fragilidade jurídica da empresa chinesa.
Nas últimas semanas, o republicano admitiu conversas com três gigantes tecnológicos:
- Microsoft (já envolvida em negociações abortadas em 2020)
- Oracle, através do presidente Larry Ellison
- Tesla, via Elon Musk
Curiosamente, o fundo soberano surge como alternativa a estas aquisições tradicionais. Analistas sugerem que a medida visa pressionar Pequim nas complexas negociações sobre transferência de tecnologia.

Impacto nos 150 milhões de utilizadores
A incerteza mantém-se para quem usa a rede social nos EUA. Embora o TikTok continue a funcionar para utilizadores atuais, três problemas persistem:
- Impossibilidade de fazer novos downloads
- Atualizações irregulares da aplicação
- Dificuldades técnicas em funcionalidades pagas
Fontes próximas da ByteDance (empresa-mãe do TikTok) confirmam à imprensa chinesa que mantêm o diálogo com Washington, mas recusam comentar a hipótese de venda ao Estado norte-americano.
O que esperar até ao final de fevereiro
Trump prometeu uma decisão final sobre o destino da rede social até ao próximo mês. Dois cenários ganham força:
- Aquisição total pelo fundo soberano, tornando o TikTok uma plataforma estatal
- Parceria público-privada com empresas tecnológicas selecionadas
Enquanto isso, defensores da liberdade digital manifestam preocupação. “Esta é a primeira vez que um governo democrático usa a segurança nacional como argumento para nacionalizar redes sociais”, alerta Rebecca MacKinnon, diretora do Ranking Digital Rights.
O Departamento de Justiça prepara-se para eventuais batalhes legais contra a medida, enquanto a Casa Branca insiste que o objetivo é “proteger os cidadãos sem censurar conteúdos”. O desfecho deste embate poderá redefinir as regras globais para aplicações de redes sociais.
Outros artigos interessantes: