O Ministério dos Assuntos Digitais de Taiwan anunciou na sexta-feira passada a proibição do uso da plataforma DeepSeek AI em organismos governamentais e infraestruturas essenciais. A decisão surge após análises que apontam riscos de transferência não autorizada de dados para servidores na China, algo que poderia comprometer informações sensíveis do território.
Segundo as autoridades, o sistema de inteligência artificial desenvolve um “perfil detalhado” dos utilizadores através da recolha de endereços IP, histórico de conversas, ficheiros partilhados e até padrões de utilização do teclado. A possibilidade de estes dados serem acedidos por Pequim — como exige a legislação chinesa — foi determinante para a proibição.

Decisão surge após investigações europeias e americanas
Taiwan não está sozinho nesta abordagem cautelosa. A Itália tornou-se no primeiro país europeu a bloquear totalmente a DeepSeek, em abril, após a agência de proteção de dados Garante considerar insuficientes as explicações da empresa sobre privacidade. Na Alemanha e noutros estados da UE, decorrem auditorias para avaliar o cumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR).
Do outro lado do Atlântico, os EUA já restringiram o uso da tecnologia em redes do Pentágono e proibiram militares da Marinha de a utilizarem. Fontes governamentais citadas pela imprensa norte-americana indicam que novas medidas poderão surgir para “minimizar vulnerabilidades”.
Preocupações internacionais aumentam pressão sobre a DeepSeek
A empresa, sediada em Hangzhou, opera sob jurisdição chinesa, obrigando à colaboração com agências de inteligência locais caso estas solicitem acesso às bases de dados. Este cenário levou especialistas em cibersegurança a alertar para o perigo de espionagem industrial ou interferência política.
Entre os dados captados pela plataforma destacam-se:
- Geolocalização precisa através de endereços IP
- Conteúdos partilhados em chats, incluindo documentos e imagens
- Métricas de interação (tempo de resposta, frequência de uso)
Empresa mantém-se em silêncio enquanto restrições se multiplicam
Até ao momento, a DeepSeek não comentou publicamente as proibições. Analistas sugerem que a falta de transparência sobre o armazenamento e tratamento de dados está a acelerar a desconfiança global. Países como o Canadá e a Austrália monitorizam ativamente a situação, indicando potenciais futuras restrições caso não haja mudanças.
Para utilizadores comuns, a plataforma continua acessível, mas especialistas recomendam cautela: “Qualquer pessoa que partilhe informações profissionais ou pessoais sensíveis nesta ferramenta deve estar ciente dos riscos”, afirma Chen Wei-Ling, investigadora em Taipei.
Este caso revela um dilema crescente: como equilibrar a inovação tecnológica com a proteção de soberania digital. À medida que ferramentas de IA se infiltram em setores estratégicos — desde energia a transportes —, os governos enfrentam pressão para criar regulamentações robustas sem travar o progresso.
A resposta de Pequim às críticas internacionais poderá ditar o futuro da DeepSeek no mercado global. Enquanto isso, a União Europeia trabalha numa legislação específica para sistemas de IA, que poderá servir de modelo para outras regiões.
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