A Casa Branca confirmou que a Samsung e a LG estudam transferir unidades de produção do México para os Estados Unidos. A informação consta do relatório “50 Vitórias para o Povo Americano nos Primeiros 50 Dias de Trump”, divulgado esta semana. O objetivo é contornar tarifas aduaneiras impostas a produtos importados, que atingem até 20% em certos casos.
Fontes sul-coreanas citadas pela agência Yonhap especificam que as empresas focam-se em fábricas de frigoríficos e máquinas de lavar roupa. A medida surge como resposta direta à política protecionista de Donald Trump, que prometeu relançar a indústria nacional através de barreiras comerciais.

Porque é que o México perde terreno?
As duas tecnológicas operam há anos no território mexicano para abastecer o mercado norte-americano a custos reduzidos. Porém, as novas regras alfandegárias tornam esse modelo menos viável. Analistas apontam três motivos-chave:
- Evitar custos extra de importação que reduzem margens de lucro
- Aproximar-se do consumidor final com produção localizada
- Aproveitar incentivos fiscais oferecidos a empresas que criam postos de trabalho nos EUA
A Samsung, que já investiu 17 mil milhões de dólares em fábricas de semicondutores no Texas, poderá replicar a estratégia nos eletrodomésticos. Já a LG mantém-se silenciosa sobre os planos concretos.
Guerra comercial redefine mapa industrial global
Esta movimentação insere-se num cenário mais amplo de reconfiguração geoeconómica. Desde 2025, o governo Trump aplicou tarifas punitivas a países como China, Índia e Coreia do Sul – acusados de praticarem “competição desleal”. A medida forçou multinacionais a repensarem cadeias de abastecimento estabelecidas há décadas.
Para o utilizador comum, a mudança poderá significar:
- Produtos mais caros a curto prazo, devido a custos operacionais superiores
- Menos atrasos na entrega de encomendas, com produção local
- Pressão sobre concorrentes europeus e japoneses para seguirem o mesmo caminho
Um duelo entre discurso político e realidade económica
Especialistas alertam que realocar fábricas não resolve desafios estruturais da indústria norte-americana. A mão-de-obra qualificada escasseia em setores tecnológicos, e os prazos de construção de novas unidades ultrapassam frequentemente cinco anos. A Samsung, porém, tem histórico de projetos ambiciosos concluídos dentro do calendário previsto.
Enquanto isso, o México enfrenta uma saída em cadeia de empresas estrangeiras. O país perdeu 12 mil empregos industriais apenas no primeiro trimestre de 2025, segundo dados oficiais. Para Trump, cada fábrica trazida simboliza uma vitória na narrativa de “América Primeiro”. Resta saber se as gigantes coreanas conseguirão equilibrar custos sem sacrificar competitividade global.
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