Imagina poderes ver vídeos, ouvir música ou receber alertas de emergência no teu telemóvel, sem depender de internet, Wi-Fi ou cartão SIM. Essa possibilidade está mais perto de se tornar realidade graças à tecnologia Direct-to-Mobile (D2M), uma inovação que promete transformar a forma como acedemos a conteúdos nos nossos dispositivos móveis.
O que é a tecnologia Direct-to-Mobile?
A D2M é uma tecnologia que permite transmitir conteúdos, como vídeo ou áudio, diretamente para smartphones através de sinais de radiodifusão, semelhantes aos utilizados pela televisão e rádio. Isto elimina a necessidade de ligação à internet ou de dados móveis, o que representa uma alternativa interessante, sobretudo em zonas onde a cobertura da rede é instável ou inexistente.
A principal vantagem? A capacidade de enviar o mesmo conteúdo para milhões de pessoas ao mesmo tempo, sem congestionar as redes móveis. Isto faz com que seja especialmente útil para eventos em direto, emergências, transmissões educativas e muito mais.
Para que esta tecnologia funcione, os telemóveis têm de ter componentes específicos capazes de captar e decifrar os sinais de radiodifusão. Isso obriga os fabricantes a integrar novos padrões de hardware nos seus dispositivos.

Estreia mundial marcada para o WAVES 2025
O lançamento oficial da tecnologia D2M está agendado para o World Audio-Visual & Entertainment Summit (WAVES) 2025, que se realiza de 1 a 4 de maio no Jio World Centre, em Mumbai. Duas marcas lideram esta estreia: a HMD (fabricante dos dispositivos Nokia) e a Lava, uma marca local com forte presença em zonas rurais da Índia.
A HMD, em parceria com a Free Stream Technologies e outros intervenientes, vai apresentar os primeiros smartphones com D2M, com acesso a conteúdos de entretenimento, educativos, desportivos e alertas de emergência. A empresa afirma estar pronta para disponibilizar esta funcionalidade depois de testes bem-sucedidos.
Por seu lado, a Lava aposta nos telemóveis com funcionalidades básicas, que também terão acesso à D2M. O modelo anunciado possui um ecrã de 2,8 polegadas, bateria de 2200mAh, antena UHF para recepção de televisão e capacidade GSM para chamadas. Foi desenvolvido em colaboração com a Tejas e a Saankhya Labs, utilizando o processador MediaTek MT6261 e o chip de receção SL3000. O objetivo? Levar informação e entretenimento a regiões desfavorecidas, sem depender de infraestruturas de telecomunicações convencionais.
Uma porta aberta para serviços públicos e mais
A tecnologia D2M não se limita ao entretenimento. Pode ser usada para divulgar campanhas de saúde pública, programas educativos, alertas de catástrofes e até combater a desinformação. Como não exige ligação à internet, garante uma cobertura mais abrangente, inclusivamente em locais remotos.
Além disso, sectores como o comércio eletrónico e a banca poderão beneficiar desta tecnologia para enviar atualizações em tempo real, como confirmações de encomendas ou notificações de transações.
Desafios ainda por superar
Apesar do entusiasmo, a implementação da D2M não está isenta de obstáculos. Um dos principais passa pela integração dos novos componentes nos telemóveis, o que implica alterações na produção. Ainda assim, os fabricantes garantem que o custo adicional será mínimo.
Outro desafio prende-se com a resistência das operadoras de telecomunicações e de grandes empresas tecnológicas, que receiam perder parte da sua influência e receitas, caso a D2M ganhe força.
Ainda assim, a tecnologia Direct-to-Mobile representa uma solução inovadora, acessível e inclusiva, com potencial para mudar o panorama da comunicação móvel em diversos países — e quem sabe, num futuro próximo, também na Europa.
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