A inteligência artificial está a moldar o futuro em muitas áreas, e a ciência não é exceção. A Anthropic, uma das empresas líderes neste campo, acaba de anunciar uma iniciativa que promete dar um novo fôlego à investigação científica. Chama-se “AI for Science program” e o objetivo é claro: apoiar investigadores que trabalham em projetos com potencial para gerar um grande impacto.
Este programa, cuja apresentação decorreu na passada segunda-feira, tem um foco particular na biologia e nas ciências da vida. Se dedicas o teu tempo a desvendar os mistérios destes domínios, a Anthropic pode ter uma ajuda valiosa para ti.
Como podes candidatar-te ao apoio financeiro
A Anthropic não está a dar dinheiro diretamente, mas algo igualmente valioso no mundo da tecnologia: créditos para usares as suas ferramentas de inteligência artificial. Especificamente, a empresa vai disponibilizar até 20.000 euros em créditos para a API da Anthropic. Este apoio será distribuído ao longo de seis meses, o que te dá tempo para explorar as capacidades da IA no teu trabalho.
Para teres acesso a este programa, precisas de ser um investigador que a Anthropic considere “qualificado”. A seleção não será aleatória; a empresa vai olhar para as tuas contribuições para a ciência, avaliar o potencial impacto da investigação que propões e, fundamentalmente, perceber se a inteligência artificial pode realmente acelerar o teu trabalho de forma significativa. Os investigadores que forem escolhidos terão acesso à suite padrão de modelos de IA da Anthropic, incluindo todos os modelos da família Claude que já estão disponíveis para o público.

O potencial da inteligência artificial na investigação
A Anthropic acredita firmemente que a inteligência artificial tem um papel importante a desempenhar na ciência. Na sua visão, as capacidades avançadas de raciocínio e linguagem dos seus modelos podem ser uma ferramenta poderosa para os investigadores. A empresa destaca que a IA pode ajudar-te a analisar dados científicos complexos, a gerar novas hipóteses para testar, a planear as tuas experiências de forma mais eficiente e até a comunicar os teus resultados de maneira mais clara.
Existem áreas específicas que a Anthropic vê como particularmente promissoras para a aplicação da IA. A empresa tem um interesse especial em apoiar projetos onde a inteligência artificial possa acelerar processos relacionados com a compreensão de sistemas biológicos complexos, a análise de dados genéticos, a descoberta de novos medicamentos (especialmente aqueles que visam combater doenças com grande impacto a nível global) e o aumento da produtividade no setor da agricultura, entre outras possibilidades.
O panorama atual e os desafios da IA na ciência
É importante notar que a Anthropic não é a única a olhar para o potencial da IA na ciência. Outras grandes empresas de tecnologia também estão a investir nesta área. A Google, por exemplo, já apresentou um “co-cientista de IA” que, segundo a empresa, pode ajudar os cientistas a criar hipóteses e planos de investigação. A própria Anthropic, juntamente com a OpenAI (considerada a sua principal concorrente) e outras entidades como a FutureHouse e a Lilia Sciences, têm defendido que as ferramentas de IA podem acelerar de forma massiva o ritmo da descoberta científica, particularmente na área da medicina.
No entanto, apesar deste entusiasmo, muitos investigadores ainda veem a inteligência artificial atual com alguma reserva quando se trata de guiar o processo científico. A principal crítica que apontam é a falta de fiabilidade.
Um dos grandes desafios no desenvolvimento de um “cientista de IA” capaz é a dificuldade em prever e lidar com um número enorme de fatores que podem interferir nos resultados. A IA pode ser bastante útil em situações que exigem uma exploração vasta, como reduzir uma lista longa de possibilidades. Contudo, ainda não é totalmente claro se consegue ter o tipo de pensamento inovador e a capacidade de resolver problemas de forma não convencional que levam a descobertas verdadeiramente revolucionárias.
Os resultados obtidos até agora com sistemas de IA concebidos para a ciência têm sido, na maioria dos casos, pouco impressionantes. Em 2023, a Google mencionou que cerca de 40 novos materiais tinham sido criados com a ajuda de uma das suas IAs, chamada GNoME. No entanto, uma análise independente concluiu que nenhum desses materiais era, de facto, completamente novo.
Com este novo programa, a Anthropic espera, naturalmente, que o seu esforço tenha mais sucesso do que as tentativas anteriores e que consiga realmente fazer a diferença na investigação científica, aproveitando o poder da inteligência artificial para o bem da ciência.
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