A Google está a atravessar um período de mudanças significativas na forma como os seus produtos mais importantes funcionam na Europa, tudo para cumprir as novas regras da Lei dos Mercados Digitais (DMA). No entanto, a gigante tecnológica não está satisfeita e veio a público afirmar que, na sua perspetiva, as consequências destas leis estão a prejudicar tanto os utilizadores como as empresas.
Numa declaração recente, os advogados da empresa foram diretos ao assunto, defendendo que as rigorosas normativas da União Europeia estão a funcionar como um travão para a inovação das grandes companhias de tecnologia. Mais do que isso, afirmam que os danos colaterais estão a chegar ao teu bolso, com os utilizadores a serem forçados a gastar mais dinheiro, especialmente quando se trata de planear viagens.
Uma batalha legal com consequências no teu ecrã
A relação entre a Google e a União Europeia tem sido marcada por uma longa batalha legal. No ano passado, a empresa já tinha sido forçada a implementar alterações importantes no sistema operativo Android para se alinhar com as normativas. Mais recentemente, foi a vez de o seu motor de busca sofrer modificações. Mesmo com estas mudanças, a empresa ainda enfrenta a possibilidade de uma multa astronómica que pode chegar aos 4,1 mil milhões de euros.
A principal acusação da União Europeia é que a Google tem favorecido os seus próprios produtos e serviços nos resultados de pesquisa. Se alguma vez procuraste voos ou hotéis, provavelmente reparaste que o Google Flights e o Google Hotels aparecem em grande destaque. Segundo a UE, esta prática prejudica a livre concorrência, e foi por isso que a Google teve de propor uma série de alterações na forma como te apresenta os resultados.
O impacto na inovação e no teu dia a dia
Segundo a Google, estas medidas impostas pela UE estão a ter um efeito negativo que vai além dos seus próprios escritórios. Clare Kelly, uma das advogadas da empresa, expressou uma enorme preocupação “com as consequências reais que a DMA terá no mundo, levando a uma pior experiência para os europeus”. Para sustentar esta afirmação, a advogada revelou dados da própria empresa que apontam para uma quebra de 30% no tráfego direto para reservas em companhias aéreas, hotéis e restaurantes.
Mas os negócios não são os únicos afetados, de acordo com a equipa legal da Google. Os próprios utilizadores estarão a queixar-se de que os processos para reservar bilhetes e alojamento através das pesquisas da Google se tornaram mais complicados e confusos. A advogada afirma que, como consequência, os utilizadores podem estar a gastar mais dinheiro nas suas viagens, uma vez que o acesso direto às páginas web das companhias aéreas se tornou menos imediato.
Oliver Bethell, outro advogado da Google, foi mais longe e pediu diretamente à Comissão Europeia que ajude a empresa a identificar as áreas em que se devem concentrar para fazer as alterações necessárias, solicitando que detalhem especificamente o que pretendem que a Google faça e mude.
Este confronto na Europa não é um caso isolado. A Google enfrenta batalhas legais em várias frentes. Nos Estados Unidos, a situação é igualmente complexa, com a justiça norte-americana a acusá-la de monopólio e a considerar a possibilidade de forçar a venda do Android e do Chrome.
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