A Tesla anunciou recentemente um acordo de 16,5 mil milhões de dólares com a Samsung para o fornecimento da próxima geração de processadores para os seus computadores de condução autónoma. Esta parceria, que se estende até 2033, representa um passo significativo para a tecnológica de Elon Musk, mas volta a levantar questões antigas sobre promessas ainda por cumprir relativamente à autonomia total em veículos equipados com hardware mais antigo.
Segundo informações confirmadas por Elon Musk, os novos processadores HW6 serão produzidos nas instalações da Samsung em Taylor, no Texas, com início de fabrico previsto para 2026. Este contrato surge numa altura em que a Samsung procura aumentar a utilização da sua capacidade de produção, aproveitando a crescente procura por soluções de inteligência artificial e automação na indústria automóvel.
Até agora, a Samsung já fornecia processadores para os computadores de condução autónoma dos veículos Tesla, mas a próxima geração (HW5) será produzida pela TSMC, primeiro em Taiwan e depois nos Estados Unidos. Só a geração seguinte, HW6, regressa então às mãos da Samsung, demonstrando a estratégia da Tesla em diversificar os seus fornecedores e garantir maior resiliência na cadeia de produção.

Evolução do hardware e promessas ainda por cumprir
Desde 2016, a Tesla tem prometido que todos os veículos fabricados após essa data teriam capacidade para condução autónoma total. No entanto, a realidade tem-se mostrado mais complexa. O hardware inicial (HW2) revelou-se insuficiente para as exigências da condução autónoma, levando à introdução do HW3. A Tesla comprometeu-se, na altura, a oferecer um upgrade gratuito para os proprietários que adquiriram o pacote de condução autónoma total, mas surgiram relatos de cobranças adicionais, chegando a mil dólares por atualização.
A chegada do HW4, atualmente presente nos veículos Tesla, trouxe novas melhorias, mas ainda não permite uma condução totalmente autónoma. O sistema opera no chamado nível 2 da classificação SAE, exigindo sempre um condutor atento ao volante. Embora a Tesla tenha iniciado testes do seu sistema “Robotaxi” em Austin, estes veículos circulam com um “safety rider” pronto a assumir o controlo, o que deixa em aberto a questão do verdadeiro nível de autonomia alcançado.
O impasse do HW3 e o futuro dos proprietários
O grande problema reside nos veículos equipados com HW3. Apesar das promessas de Elon Musk e da administração da Tesla, não existe ainda uma solução clara para garantir a condução autónoma total nestes modelos. Recentemente, o CFO da Tesla, Vaibhav Taneja, afirmou que o foco da empresa está em atingir primeiro a condução “não supervisionada” com o HW4 e só depois avaliará o que pode ser feito para os veículos com HW3.
Esta abordagem tem gerado frustração entre os proprietários que investiram milhares de euros em pacotes de condução autónoma e ainda não viram as funcionalidades prometidas tornarem-se realidade. Além disso, a existência de planos para processadores HW5 e HW6 levanta dúvidas sobre se as gerações atuais alguma vez receberão as capacidades anunciadas há quase uma década.
O dilema da atualização e as expectativas dos condutores
Com milhões de veículos vendidos sob a promessa de autonomia total, a Tesla enfrenta agora o desafio de cumprir o que foi publicitado. Muitos destes automóveis já têm vários anos de estrada e poderão nunca receber as funcionalidades pelas quais os seus proprietários pagaram.
A entrada da Samsung como fornecedora dos futuros processadores representa uma aposta forte no desenvolvimento tecnológico, mas também evidencia a distância entre o que é anunciado e o que chega efetivamente aos condutores. Para já, o futuro da condução autónoma nos modelos antigos da Tesla continua envolto em incerteza, enquanto a marca prepara o terreno para uma nova geração de avanços tecnológicos.
Outros artigos interessantes:










