A sede da Microsoft em Redmond, Washington, foi palco de protestos intensos esta semana, que culminaram na detenção de 18 pessoas, incluindo pelo menos um funcionário da empresa. Um grupo de atuais e ex-trabalhadores, juntamente com membros da comunidade, ocupou uma praça na sede da gigante tecnológica para protestar contra os contratos da empresa com o governo de Israel.
O grupo, que se intitula “No Azure for Apartheid” (Não ao Azure para o Apartheid), acusa a Microsoft de cumplicidade e intensificou as suas ações após uma investigação recente ter revelado a utilização dos serviços da empresa para vigiar palestinianos.
A “zona libertada” que acabou com 18 detenções
Os protestos, que decorreram durante dois dias, subiram de tom na quarta-feira. Os manifestantes montaram um acampamento a que chamaram “Zona Libertada” e derramaram tinta sobre um letreiro da Microsoft no campus. Segundo a polícia de Redmond, alguns manifestantes terão também bloqueado uma ponte pedonal e tentado criar uma barreira com mesas e cadeiras roubadas.
Enquanto no primeiro dia os manifestantes foram dispersados pacificamente, no segundo dia a polícia de Redmond deteve 18 pessoas, alegando que alguns dos manifestantes se tornaram “agressivos”. O grupo de protesto confirmou que entre os detidos estão trabalhadores atuais e antigos da Microsoft, bem como membros da comunidade de Seattle.

Uma longa história de protestos que atinge o ponto de ebulição
Este não foi um evento isolado. O grupo “No Azure for Apartheid” tem vindo a organizar uma série de protestos contra os contratos da Microsoft com o governo israelita nos últimos meses, com ações cada vez mais visíveis.
Recentemente, um ex-funcionário interrompeu o evento do 50º aniversário da empresa, chamando o CEO de IA da Microsoft, Mustafa Suleyman, de “aproveitador de guerra”. No mesmo evento, os três CEOs da Microsoft foram também interrompidos por outro ex-trabalhador. A conferência de programadores da Microsoft, a Build, também foi alvo de várias interrupções este ano.
A investigação que espoletou a mais recente onda de protestos
A mais recente e intensa vaga de protestos surge poucos dias após uma investigação jornalística, publicada pelo The Guardian em parceria com a +972 Magazine e a Local Call, ter revelado pormenores chocantes. A investigação alega que o governo israelita está a usar os serviços de nuvem da Microsoft para armazenar gravações e dados de até “um milhão de chamadas por hora” feitas por palestinianos.
Esta revelação deu um novo fôlego ao movimento de protesto, que acusa a Microsoft de ser cúmplice em violações de direitos humanos.
A resposta da Microsoft: uma investigação interna e um aviso
Confrontada com a situação, a Microsoft já reagiu. Um porta-voz da empresa afirmou que a Microsoft está a levar a cabo “uma revisão completa e independente das novas alegações” e que continuará a “fazer o trabalho árduo necessário para defender os seus padrões de direitos humanos no Médio Oriente”.
No entanto, a empresa deixou também um aviso claro, afirmando que irá tomar “medidas claras para lidar com ações ilegais que danifiquem a propriedade, perturbem os negócios ou que ameacem e prejudiquem outros”.
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