A OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT, está numa posição que desafia a lógica empresarial tradicional. Segundo um novo relatório do Financial Times, a empresa está a gerar uma receita anual de cerca de 13 mil milhões de dólares, um número absolutamente colossal para uma startup. No entanto, ao mesmo tempo, a OpenAI comprometeu-se a gastar mais de 1 bilião de dólares (um milhão de milhões) na próxima década.
Como é que uma empresa que está a “imprimir dinheiro” enfrenta um défice tão gigantesco? E qual é o seu plano audacioso para, em apenas cinco anos, transformar estes 13 mil milhões numa receita que consiga suportar os seus custos astronómicos? A resposta revela uma estratégia de expansão tão agressiva e de tão grande escala que a OpenAI não quer ser apenas uma empresa de IA; quer ser a empresa de tecnologia.
A máquina de fazer dinheiro chamada ChatGPT
Antes de olharmos para as despesas, é importante perceber de onde vem o dinheiro. O relatório revela que 70% dos 13 mil milhões de dólares de receita da OpenAI vêm de pessoas como tu e eu: os utilizadores comuns que pagam 20 dólares por mês pela subscrição do ChatGPT Plus.
Este dado é revelador. Mostra que, apesar de apenas 5% dos 800 milhões de utilizadores regulares da plataforma serem assinantes pagantes, esse pequeno grupo já é suficiente para gerar uma receita que ultrapassa a de muitas empresas estabelecidas. É um testemunho do imenso valor que as pessoas encontram na IA generativa, mas também mostra o enorme potencial de crescimento que ainda existe se a OpenAI conseguir converter uma maior percentagem dos seus utilizadores gratuitos.

A “fome” insaciável por poder computacional
Se 13 mil milhões de receita é muito, 1 bilião de despesas é uma galáxia à parte. Porque é que a OpenAI precisa de tanto dinheiro? A resposta está na “fome” insaciável da inteligência artificial por poder de processamento. Treinar modelos de IA cada vez mais potentes e inteligentes é, provavelmente, a atividade mais cara do planeta, exigindo uma quantidade de energia e de chips de computador sem precedentes.
O relatório revela que a OpenAI já fechou acordos para garantir mais de 26 gigawatts de capacidade de computação de parceiros como a Oracle, Nvidia, AMD e Broadcom. Para colocar este número em perspetiva, um único gigawatt é a capacidade de produção de uma grande central nuclear. Estamos a falar de uma necessidade energética equivalente à de dezenas de centrais nucleares, apenas para alimentar a ambição da OpenAI.
O plano de cinco anos para pagar as contas
Para fazer a ponte entre as suas receitas atuais e as suas despesas futuras, a OpenAI traçou um plano de cinco anos para se diversificar e criar novas fontes de rendimento. O plano, segundo o Financial Times, é atacar em todas as frentes:
- Contratos governamentais: Tornar-se um fornecedor de tecnologia de IA para governos.
- Ferramentas de compras: Integrar o ChatGPT no comércio eletrónico para competir com a Amazon.
- Serviços de vídeo: Usar o seu modelo de vídeo Sora para entrar no território do YouTube e do TikTok.
- Hardware de consumo: Lançar o seu próprio dispositivo de IA, desenvolvido em parceria com Jony Ive.
- Tornar-se um fornecedor de computação: O seu projeto de centro de dados, o “Stargate”, poderá um dia ser alugado a outras empresas, colocando a OpenAI em competição direta com os seus próprios parceiros, como a Microsoft Azure.
Demasiado grande para falhar?
Esta aposta de “tudo ou nada” tem riscos imensos, mas as consequências de uma falha já não seriam apenas da OpenAI. O relatório salienta que um número crescente das maiores empresas americanas está a tornar-se dependente da tecnologia da OpenAI para os seus próprios serviços. Se a OpenAI falhasse, o efeito dominó poderia “desestabilizar o mercado americano em geral”.
A startup que começou como um laboratório sem fins lucrativos tornou-se, em menos de uma década, numa empresa sistemicamente importante, cuja sobrevivência e sucesso têm implicações para toda a economia global. A aposta de 1 bilião de dólares não é apenas sobre o futuro da OpenAI; é sobre o futuro da própria era da IA.
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