Se tens um Apple Watch, o teu pulso está prestes a ficar muito mais inteligente e atento à tua saúde. A Apple acaba de receber a aprovação da FDA, a exigente agência de saúde norte-americana, para uma nova e muito aguardada funcionalidade: a capacidade de o relógio detetar e alertar para potenciais sinais de hipertensão. A novidade chega já na próxima semana, através de uma simples atualização de software.
Esta não é uma melhoria qualquer. É um dos passos mais significativos que a Apple já deu no campo da saúde, transformando o Apple Watch de um simples monitor de fitness numa poderosa ferramenta de prevenção. A funcionalidade, que estará disponível para os modelos Series 7 e posteriores, não te vai dar uma leitura da tensão arterial como uma máquina tradicional, mas vai fazer algo talvez ainda mais importante: alertar-te para um problema que muitas vezes não dá sinais, até ser tarde demais.
A aprovação da FDA, conhecida como “De Novo clearance”, é um selo de confiança que valida a tecnologia por trás desta funcionalidade, classificando-a como um dispositivo de baixo a moderado risco. Para os utilizadores, isto significa que o Apple Watch se torna uma sentinela ainda mais vigilante, capaz de identificar padrões que podem indicar a necessidade de uma visita ao médico. É a tecnologia a trabalhar discretamente para o teu bem-estar, 24 horas por dia.

Como funciona esta nova sentinela no teu pulso?
É natural que a primeira pergunta seja: “Como é que o relógio faz isto sem uma braçadeira?”. A resposta está na tecnologia que já usas todos os dias. A funcionalidade utiliza o sensor ótico de frequência cardíaca, que já mede os teus batimentos cardíacos, mas de uma forma muito mais inteligente. Em vez de medir a pressão diretamente, o sistema analisa o tempo que o teu corpo passa em zonas de frequência cardíaca elevada que, segundo estudos clínicos, estão correlacionadas com a hipertensão.
Ao longo do tempo, o relógio recolhe estes dados e, se detetar um padrão consistente que sugira um risco elevado de tensão arterial alta, envia-te uma notificação. O alerta será algo discreto e informativo, na linha de: “Os teus dados de frequência cardíaca sugerem que podes ter a tensão arterial elevada. Considera falar com o teu médico”. O objetivo não é alarmar, mas sim informar e capacitar-te para tomares uma atitude.
Para tornar a conversa com o teu médico ainda mais produtiva, a Apple integrou uma funcionalidade que já é um clássico do seu ecossistema de saúde. A aplicação Saúde no teu iPhone poderá gerar um relatório em PDF com todos os dados relevantes de frequência cardíaca que levaram ao alerta. Podes depois partilhar este documento facilmente com o teu médico, dando-lhe um historial detalhado e valioso que vai muito além das medições esporádicas feitas no consultório.
Uma ferramenta de prevenção, não de diagnóstico
É crucial perceber a diferença: o Apple Watch não te vai diagnosticar hipertensão. O que ele vai fazer é dar-te um aviso precoce, um sinal de que algo pode não estar bem. A hipertensão é muitas vezes chamada de “assassino silencioso” precisamente porque, na maioria dos casos, não apresenta sintomas óbvios. Muitas pessoas vivem com tensão arterial elevada durante anos sem o saberem, aumentando o risco de problemas graves como ataques cardíacos e AVCs.
É aqui que a nova funcionalidade do Apple Watch se torna tão importante. Ao funcionar como um sistema de rastreio contínuo, pode ser o primeiro a levantar a “bandeira vermelha”, incentivando-te a procurar aconselhamento médico e a fazer uma medição adequada com um equipamento clínico. Não substitui um tensiómetro, mas funciona como um complemento inteligente que está sempre contigo.
A aprovação da FDA reforça esta ideia. A classificação “De Novo” é atribuída a tecnologias inovadoras que demonstram ser seguras e eficazes para o seu propósito. Neste caso, o propósito não é diagnosticar, mas sim alertar e informar, um papel preventivo que pode, literalmente, salvar vidas ao detetar problemas de forma precoce.
O que significa para o futuro dos wearables?
Com este lançamento, a Apple volta a subir a parada no mercado dos smartwatches e a cimentar a sua posição como uma empresa de saúde e bem-estar. Esta funcionalidade coloca uma pressão enorme sobre a concorrência. Marcas como a Samsung, com os seus Galaxy Watch, e a Google, com o Pixel Watch, terão de acelerar o desenvolvimento de funcionalidades semelhantes e, mais importante, de obter as certificações necessárias para as poderem comercializar como ferramentas de saúde credíveis.
A decisão de disponibilizar a atualização para os modelos a partir do Apple Watch Series 7 também é significativa, pois indica que a precisão dos sensores introduzidos nesse modelo é o requisito mínimo para que os algoritmos funcionem de forma fiável. Para os consumidores, a escolha de um smartwatch deixa de ser apenas uma questão de estilo ou de notificações e passa a ser uma decisão de saúde.
Para quem já estava a pensar comprar um Apple Watch, ou para quem tem familiares com historial de problemas cardiovasculares, esta nova funcionalidade pode ser o argumento decisivo. É a prova de que um dispositivo que levas no pulso para ver as horas e responder a mensagens pode, silenciosamente, estar a cuidar de ti de uma forma que nunca imaginaste ser possível.
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