“for her polyphonic writings, a monument to suffering and courage in our time”
O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído à jornalista e escritora Svetlana Alexievich, nascida na ex-União Soviética em 31 de Maio de 1948, filha de pai bielorusso e mãe ucraniana.
Entre 122 Prémios Nobel de Literatura atribuídos pela Academia, poucos foram atribuídos a mulheres. Svetlana é a 14ª mulher na história a receber esta distinção, pela sua “escrita polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem dos tempos de hoje”.
Svetlana cresceu na Bielorrússia, onde iniciou a sua carreira como jornalista. Teve oportunidade de recolher e transformar em narrativas, testemunhos directos de acontecimentos históricos tão marcantes como a guerra soviético-afegã, a queda da União Soviética e o desastre de Chernobyl.
Foi perseguida pelo regime de Lukashenko, o que a obrigou a abandonar a Bielorrússia em 2000, sob protecção, com o estatuto de refugiada.
Durante os dez anos que se seguiram viveu em Paris, Gotemburgo e Berlim. Em 2011, voltou para o país onde cresceu e onde vive desde então.
Numa das suas entrevistas, Svetlana, refere que tem procurado um método literário que lhe permita o mais possível aproximar-se da vida real. “ A realidade sempre me atraiu como um íman, tortura-me e hipnotiza-me, eu quis registá-la em papel. (…) Esta é a forma como vejo o mundo – em polifonia e como uma colagem de detalhes. Esta é a forma como funciona o meu olhar e a minha audição. Desta forma, todo o meu potencial mental e emocional realiza-se em pleno, desta forma eu posso ser simultaneamente uma escritora, repórter, socióloga, psicóloga e padre.”
É a autora de obras como: “The War’s Unwomanly Face”, sobre o papel das mulheres nas guerras e lutas; “Last Witnesses”, onde reflecte sobre a infância comprometida pela guerra, “Zinky Boys”; “The Chernobyl Prayer” (Vozes de Chernobyl), uma recolha de testemunhos sobre o desastre nuclear, os mistérios, as culpas por apurar e suas consequências.
A sua obra, traduzida em 22 línguas, encontra-se publicada um pouco por toda a Europa, Estados Unidos, China, Vietname e Índia. Desde 1996 tem recebido numerosos prémios internacionais, como o polaco Ryszard-Kapuściński em 1996, o Prémio Herder em 1999 e o Prémio da Paz dos Editores Alemães (2013), entre outros.
Em Portugal, a publicação de “Vozes de Chernobyl” está prevista para 2016, enquanto que no Brasil ainda não se encontra publicada qualquer obra da autora, nem mesmo este seu livro, que sendo o mais famoso, Svetlana classifica como um desafio, enquadrando-o em toda a sua obra literária: “- este é um desafio para todas as formas de vida na terra. Essa é a nossa história. Este é o tema dos meus livros, este é o meu caminho, os meus círculos do Inferno, de homem para homem”.
Comentários