A estratégia da Google para o Gemini Advanced, a versão paga do seu assistente de inteligência artificial, está a levantar questões sobre o valor real da subscrição.
Nos últimos meses, funcionalidades exclusivas inicialmente reservadas aos utilizadores premium têm migrado gradualmente para a versão gratuita, deixando subscritores a questionar a utilidade do investimento mensal de 20 dólares.
Funcionalidades premium perdem exclusividade
Um APK teardown recente realizado pela Android Authority revelou indícios de que o Deep Research – ferramenta atualmente exclusiva do Gemini Advanced – poderá chegar em breve à versão básica. Esta funcionalidade, alimentada pelo modelo Gemini 1.5 Pro, permite pesquisas aprofundadas na web e geração de relatórios personalizados.
Este não é o primeiro caso de migração de características premium:
- Gemini Live, apresentado como carro-chefe num anúncio televisivo durante o Super Bowl, tornou-se gratuito em setembro – apenas um mês após o lançamento na versão paga
- Code Assist, ferramenta para apoio na programação, perdeu a integração com serviços cloud mas mantém 180.000 conclusões de código mensais sem custos

O que resta aos subscritores?
A atual política da Google coloca os utilizadores do Gemini Advanced numa posição delicada. A principal vantagem imediata da subscrição resume-se a:
- Acesso antecipado a novos modelos de IA (como o experimental Gemini 2.0 Flash Thinking)
- 1 TB de armazenamento no Google Drive incluído no pacote
Ryan J. Salva, diretor sénior de gestão de produto, defende que mesmo na versão gratuita “a maioria dos desenvolvedores profissionais” encontra recursos suficientes nas 180.000 operações mensais oferecidas.
Estratégia financeira ou teste de mercado?
Os movimentos da empresa ocorrem num contexto de investimentos massivos em IA. A Alphabet, holding da Google, planeia gastar 75 mil milhões de dólares em infraestruturas de inteligência artificial este ano. Especialistas sugerem que a monetização do Gemini Advanced poderá servir como:
- Mecanismo de controlo para limitar o acesso a funcionalidades resource-intensive
- Laboratório vivo para testar novas features com um público restrito antes do lançamento geral
Enquanto isso, a versão gratuita continua a receber atualizações regulares, tornando cada vez mais ténue a fronteira entre as duas edições. Para o utilizador comum, a questão central mantém-se: valerá a pena pagar por vantagens que tendem a tornar-se temporárias?
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