Numa era dominada por gráficos ultrarrealistas, mundos de jogo abertos e complexas mecânicas online, há um encanto especial e uma satisfação única em revisitar os videojogos clássicos do passado. Muitos destes títulos retro não são apenas peças de museu ou memórias nostálgicas para alguns; possuem uma qualidade intemporal no seu design, na sua jogabilidade e na sua capacidade de contar histórias que lhes permite continuar a brilhar e a cativar jogadores, mesmo décadas após o seu lançamento original.
E a boa notícia é que, hoje em dia, aceder a estas pérolas do passado está cada vez mais fácil e acessível a todos, mesmo para ti que talvez não tenhas vivido o seu auge.
A prova de que o “antigo” pode ser ouro reside em inúmeros exemplos que continuam a proporcionar horas de diversão e desafio, muitas vezes superando até propostas mais modernas em certos aspetos.
Quando o design de jogo resiste à passagem do tempo
A Nintendo GameCube, por exemplo, foi o lar de vários títulos que, segundo análises e a experiência de muitos jogadores, resistem incrivelmente bem ao teste implacável do tempo. Um desses casos é o Super Mario Sunshine, lançado originalmente em 2002. Apesar de ser, por vezes, apontado como um dos pontos mais baixos da carreira tridimensional do Super Mario, a verdade é que, mais de 20 anos depois, o jogo demonstra uma qualidade de design que muitos outros da mesma época não conseguiram manter.
Sim, ainda existem alguns “bugs” e o infame nível de pachinko continua a ser um pesadelo para muitos, mas o design central é considerado excelente. Cada localidade na Ilha Delfino é utilizada de formas interessantes e criativas — como a área do casino do hotel que serve de nível de “casa assombrada” — e destaca-se, acima de tudo, pela sua coesão temática. A atmosfera da ilha é vibrante, e a mecânica do F.L.U.U.D. (o dispositivo de jato de água) continua a ser um elemento distintivo e funcional na jogabilidade 3D de Mario.
Outro tesouro proveniente da GameCube que merece destaque é Harvest Moon: Magical Melody, de 2005. Numa era em que jogos como Stardew Valley definem o género de simulação de vida na quinta e inspiram uma nova vaga de títulos semelhantes, é importante olhar para os clássicos que lhes serviram de inspiração. Magical Melody possui todas as características clássicas que se esperam: uma quinta para cultivar e vender colheitas, um celeiro para criar animais, pesca e mineração, bem como uma vasta seleção de habitantes na vila para fazer amizade e até casar.
O que o torna especial, segundo os relatos, são dois aspetos: o primeiro é o seu estilo artístico “chibi” (personagens pequenas e adoráveis), que lhe confere um charme adicional; o segundo é o sistema de notas musicais. Um dos teus objetivos principais é libertar a Deusa da Colheita, e para isso precisas de colecionar notas musicais, que são atribuídas como se fossem conquistas, marcando marcos importantes no jogo. Isto oferece um caminho claro para perceberes em que te deves focar, ao mesmo tempo que te recompensa de forma simples e direta.
A magia dos RPG e da ação que perdura
Se falamos de jogos que envelhecem bem, é impossível não mencionar alguns RPGs e jogos de ação. Paper Mario: The Thousand-Year Door, originalmente lançado para a GameCube em 2004, é um exemplo paradigmático.
Muitos defendem que não precisas da nova versão para a Nintendo Switch para desfrutar desta obra-prima. O original não só se mantém incrivelmente relevante e divertido hoje em dia, como corre a 60 fotogramas por segundo, enquanto a nova versão para a Switch se fica pelos 30 FPS. A “nova camada de tinta” da versão mais recente, que custa uns consideráveis €55 (conversão aproximada de $60), pode não justificar o investimento quando a experiência original continua tão sólida.
No campo dos RPGs de bolso, Pokémon Fire Red para o Game Boy Advance, um remake do clássico original, já é ele próprio considerado um título retro. A sua qualidade é inegável, mas o principal senão atualmente é o custo de adquirir uma cópia física autêntica, que pode ser bastante elevado, e a dificuldade em distinguir cartuchos originais de falsificações. No entanto, como veremos mais à frente, a emulação tornou o acesso a este e outros clássicos muito mais simples.
E para os fãs de ação e “dungeon crawling”, Diablo 2, lançado no ano 2000, continua a ser uma referência. O jogo não está preso ao hardware mais antigo para o qual foi criado. Existe uma versão remasterizada disponível para consolas modernas e PC, mas o original para PC ainda pode ser adquirido através da Battle.net, e é quase certo que o teu computador atual consegue correr este clássico sem qualquer problema.
Reviver o passado nunca foi tão fácil
A facilidade de acesso é, de facto, um dos grandes impulsionadores desta redescoberta e contínua apreciação pelos clássicos. Como referido, já não precisas obrigatoriamente do hardware original, que se está a tornar cada vez mais um artigo de colecionador e, por isso, mais caro. Os emuladores funcionam de forma eficiente na maioria dos computadores pessoais modernos e até mesmo em telemóveis, muitas vezes com pouca ou nenhuma configuração complexa necessária.
Além disso, existem inúmeras empresas a fabricar consolas portáteis dedicadas a jogos retro, algumas das quais já vêm com um vasto catálogo de jogos instalados. Lojas de videojogos digitais, como a GOG, também têm vindo a tornar estes jogos mais acessíveis para quem pretende adquirir legalmente estas pérolas do passado. Portanto, mesmo que não tenhas nostalgia por esta era, muitos destes clássicos continuam a ser excelentes opções para jogar nos dias de hoje, oferecendo experiências de jogo ricas e divertidas.
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