A Nvidia está a desenvolver novos chips de inteligência artificial adaptados para o mercado chinês, após as recentes restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos.
O fabricante norte-americano informou empresas como Alibaba, ByteDance (proprietária do TikTok) e Tencent que está a modificar a arquitetura dos seus semicondutores de IA para cumprir as regulamentações de exportação dos EUA. Esta comunicação ocorreu durante a visita do CEO Jensen Huang a Pequim, em meados de abril.

Impacto financeiro e estratégia de recuperação
As restrições à exportação do chip H20, principal modelo que a Nvidia podia legalmente vender na China, representam um prejuízo estimado em 5,5 mil milhões de dólares para a empresa. O Departamento de Comércio dos EUA confirmou que estas novas exigências de licenciamento para exportações relacionadas com a China visam salvaguardar a segurança nacional e económica do país.
Para mitigar estas perdas, a Nvidia informou os seus clientes que um protótipo do chip redesenhado poderá estar disponível já em junho. A empresa também está a desenvolver uma versão do seu mais recente chip de IA, denominado Blackwell, especificamente para o mercado chinês.
Tensões geopolíticas e tecnológicas
A Nvidia encontra-se no centro das crescentes tensões comerciais e tecnológicas entre os Estados Unidos e a China. Desde 2022, a administração Biden impôs controlos de exportação sobre a venda de semicondutores avançados para a China, com o objetivo de manter a vantagem competitiva dos EUA no setor da IA.
A recente ascensão da DeepSeek, uma empresa chinesa de IA generativa, aumentou as preocupações nos EUA de que mesmo chips menos potentes possam facilitar avanços tecnológicos significativos. A DeepSeek afirmou conseguir um desempenho comparável a outras aplicações como o ChatGPT utilizando chips menos sofisticados.
Adaptação ao mercado chinês
Para a distribuição dos novos chips na China, a Nvidia planeia trabalhar com a Inspur, uma das suas principais parceiras de distribuição no país. O chip adaptado da série Blackwell, provisoriamente designado “B20”, terá um desempenho inferior aos seus equivalentes na mesma série devido às sanções comerciais existentes.
As entregas do “B20” estão planeadas para começar no segundo trimestre de 2025. Apesar de ser menos avançado que outros modelos da série, o chip será 30 vezes mais rápido que os anteriores introduzidos no mercado chinês.
A China, por sua vez, tem procurado reduzir a sua dependência de chips estrangeiros, apoiando a fabricação local de semicondutores e empresas de tecnologia emergentes. No entanto, analistas sugerem que as ofertas da Nvidia continuarão a alcançar consumidores empresariais chineses, dada a sua compatibilidade, preço e capacidades.
Fontes da notícia: Reuters, BBC, South China Morning Post, CNN.
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