As tecnologias de Virtualização do Desktop há muito que prometem ser “mainstream”. Em 2007 a Gartner previa que até ao final de 2010 todas as novas instalações de PCs seriam virtualizadas. Já em 2009 previa-se que o mercado de DaaS / HVD ira acelerar até 2013, altura em que poderia atingir 49 milhões de desktops virtuais.
O termo VDI, Virtual Desktop Infrastructure, é um dos mais falados na indústria e está em cima da mesa da maioria das organizações. As vantagens de trazer o desktop para dentro do datacenter num ambiente controlado, uniforme e gerido, é o céu para os departamentos de TI. Já para os utilizadores finais, poderem separar o ambiente profissional do pessoal e utilizar os seus dispositivos preferidos quer seja um MAC, iPAD, Android ou Windows em qualquer altura ou lugar é uma mais-valia incrível. Para a nova geração que entra agora no mercado de trabalho podemos dizer-lhes que o desktop empresarial é apenas mais uma APP que têm disponível nos equipamentos que utilizam e não um computador quadrado e feio que os obrigamos a carregar. Finalmente, para as Administrações, tudo isto se traduz em menor risco, mais produtividade, menor OPEX e consequente aumento do lucro.
A Desilusão do VDI
Apesar de todo este entusiasmo com o VDI, a realidade está longe de todas as previsões. O mercado não descolou e quer as implementações locais (VDI), quer as soluções cloud (Daas/HVD) não têm uma grande expressão no mercado.
Em relação ao VDI, na minha opinião, é claro que o modelo não funciona. Não porque não seja uma boa solução, mas porque a complexidade dos projetos e do licenciamento associados ao elevado custo de investimento em consultoria, formação e tecnologia não se enquadram com a economia atual de recessão. Por outro lado, a abordagem dos fabricantes em insistir que esta é a solução para todos os problemas do desktop também não ajudou ao sucesso.
Quando falamos do mercado cloud DaaS/HVD, a razão para o mesmo não descolar é outra. Ao contrário do VDI onde temos a Citrix, Microsoft e VMware (os pesos pesados da industria) a “puxar” pelo mercado e a trazer para a ribalta a tecnologia, no mercado DaaS, existem pequenos cloud providers em “bicos dos pés” a tentar ganhar a atenção do mercado. A ausência dos “grandes” neste mercado atrasa a construção da confiança necessária que o mesmo necessita para descolar.
Os providers evidenciam que o Desktop as a Service viabiliza as soluções VDI e desmaterializa os entraves. Ao escolher uma solução DaaS a empresa liberta-se da complexidade dos projetos e do investimento tecnológico, mantendo todas as vantagens. Como não existe um CAPEX alto e é uma solução cloud, o DaaS apresenta-se às administrações como um projeto de baixo risco financeiro.
A grande novidade para 2014 são os grandes players a ocupar as suas posições no mercado DaaS
A VMware comprou a Desktone, um dos principais players no mercado DaaS (pouco conhecido em Portugal) o que indica que brevemente irá efetuar um apresentar um produto DaaS sob a marca VMware.
- A Amazon lançou há uns dias o Amazon Workspaces, a primeira solução DaaS de um grande player cloud (ainda em preview).
- A Microsoft levantou recentemente algumas das restrições que impediam a implementação de Hosted Desktops no Azure, lançou clientes de remote desktop para MAC, Android e IOS. Estas alterações dão mais fundamento ao rumor de que a Microsoft estará a trabalhar o seu próprio produto de DaaS com o nome de código “Mohoro” e que o mesmo será revelado em 2014.
- Caso o rumor se concretize, a Microsoft, pode conseguir dar mais anos de vida ao Windows e com a força que lhe é inerente alterar em definitivo a forma como as empresas compram Servidores, Desktops e Software.
- A Citrix está a desenvolver arquiteturas de referência para que os seus parceiros e clientes implementem com segurança soluções de HVD quer no Azure quer na Amazon AWS.
Apesar de ainda existirem algumas questões por resolver, principalmente em relação ao licenciamento, estas recentes movimentações estão a criar a unanimidade em toda a indústria de que o DaaS vai ser ter finalmente o seu ano de protagonismo em 2014 e qua a indústria clássica do PC pode ver ainda mais acelerado o seu declínio.
Artigo de opinião da autoria de Nuno Carvalho, CTO da Knowledge Inside
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