Setembro é o mês que assinala uma das rivalidades mais antigas dos videojogos: PES vs FIFA. Nos anos 90, o FIFA, fruto da sua internacionalização, possuía a coroa de rei dos simuladores de futebol, enquanto que o International Superstar Soccer ia dando os primeiros toques (e com mais qualidade, diga-se) na SNES. A partir do primeiro Pro Evolution Soccer, no entanto, a balança foi pendendo para o gigante da Konami, alcançando o expoente máximo com o PES 06 – ainda hoje, o meu jogo de futebol favorito. Contudo, o FIFA, com uma mecânica ultrapassada, soube aprender com os erros, renovar de forma drástica o seu motor de jogo e, a partir do FIFA 09, as diferenças eram mais que muitas e a coroa estava, novamente, do lado da EA Sports, onde se mantém hoje, mas com um fosso cada vez menor entre as duas franchises. Será que este ano veremos finalmente PES a ultrapassar FIFA?
Por agora, posso apenas opinar sobre a demo do PES. E, na verdade, há muito para dizer. Neste caso, para testar a mecânica de jogo, escolhi o Bayern de Munique, pois como ávido jogador de FIFA, não queria que a minha falta de jeito comprometesse a análise, contra o AS Roma. As opções são as do costume, e os menus continuam a apresentar um aspecto imensamente clean. Contudo, na minha opinião, o visual é demasiado simplista, faltando-lhe alguma cor que, de resto, não falta nos modelos dos jogadores. Mas tratamos disso mais à frente. Nos tempos livres também dou uns toques no Football Manager, pelo que a táctica é um dos pontos que foco nestes simuladores. Assim que estava desejoso de ver como é que estava o menu táctico, geralmente tão confuso.
Foi uma agradável surpresa constatar que está bem mais arrumado. Simples, directo ao assunto. Porém, e isto é sintomático da série PES, as pontuações dos jogadores continuam a ser altamente irrealistas. Primeiro que tudo, um Ribéry com quase 90 pontos, versus um Gotze de 81 e um Muller de 83 (!). Não espelha, de forma alguma, a qualidade destes jogadores, se, virmos que, por exemplo, Iturbe tem a mesma pontuação de Gotze e Gervinho a de Muller. Basta compararmos as épocas de uns e outros para vermos que os alemães levam, sem sombra de dúvidas, a vantagem. Errata: O Thiago Domingues apontou, e bem, que as pontuações dos jogadores são mutáveis, tendo em conta a posição em que os colocamos. Não me apercebi disso quando experimentei, pelo que vos peço imensa desculpa pela informação errada. Guardarei a opinião sobre as pontuações finais dos jogadores para o lançamento de ambos os jogos – aí, veremos quem pontuou melhor. Os controlos para arrastar os jogadores são úteis para criar tácticas personalizadas, mas emperram um bocado os movimentos aquando da substituição. De resto, tudo porreiro. Hora de começar o jogo!
Deixem que vos diga uma coisa. Por preguiça e azelhice, cedo me habituei aos passes semi-automáticos do FIFA que, apesar de manterem um nível de realismo rigoroso, até com a imprevisibilidade da recepção da bola, soam sempre a algo “telecomandando”. O último PES que joguei foi o 2012 e a mecânica dos passes manuais tinha ainda muito por afinar. Neste, soa absolutamente natural e real. Aliás, atrevo-me a dizer que PES ganhará no realismo da simulação, muito graças à sensação da troca de bola. O timing de recepção, a animação do passe, a velocidade dos jogadores, o posicionamento táctico bem definido, enfim – transporta-nos, efectivamente, para o centro do campo.
Os gráficos também ajudam imenso neste departamento. O screenshot não faz, de todo, justiça à textura das camisolas, ao movimento do tecido, à alta parecença facial dos jogadores. A FOX Engine está de boa saúde e recomenda-se, vivamente. Claro que continuam os problemas de sempre. O guarda-redes continua a parecer um robô nos movimentos e a fazer defesas do outro mundo, para depois deixar a bola passar num bug estranhíssimo. Os remates, ao contrário dos passes, continuam a parecer mais sorte que perícia, principalmente com aquele lag de fracção de segundo entre o pressionar do botão e a acção. As fintas não estão, nem de perto, nem de longe, ao nível do FIFA, com um leque reduzido de habilidades que não trazem nada de novo ao jogo jogado. Porém, são coisas de pormenor. Vejamos, na versão final, como estão as diversas opções de jogo (parece que nesta edição vamos ter algo semelhante ao enorme sucesso que é o FIFA Ultimate Team), mas mais do que nunca, este é o ano do pegar ou largar da Konami. Por tudo o que tem acontecido, PES é neste momento o momento que irá definir o futuro da empresa como a conhecemos hoje. Se novamente ficar aquém do FIFA, podemos estar, lentamente, a dizer adeus a uma franchise histórica. Tudo vai depender da versão final. Que o jogo comece.
Comentários