Num mercado onde inovações tecnológicas muitas vezes colidem com resistência cultural, os Ray-Ban Meta surgiram como exceção rara. Estes óculos inteligentes – fruto da colaboração entre a gigante tecnológica e a icónica marca de armações – não só superaram o milhão de vendas em 2024 como se tornaram o primeiro wearable a entrar no guarda-roupa quotidiano de pessoas comuns. O segredo está numa fórmula que outros falharam em replicar: tecnologia útil, design atemporal e preço acessível.

Um marco silencioso (mas decisivo)
Durante anos, os wearables enfrentaram um paradoxo: dispositivos muito tecnológicos assustavam o consumidor médio, enquanto designs discretos falhavam em oferecer utilidade prática. Os Ray-Ban Meta romperam esse ciclo. A confirmação veio diretamente de Mark Zuckerberg numa reunião interna: 1 milhão de unidades vendidas apenas em 2024 — um número impressionante para um dispositivo lançado em outubro de 2023.
“Estamos a escrever as regras de uma categoria que mal existe”, afirmou o CEO, destacando a falta de concorrência direta. A observação espelha o fracasso histórico de projetos como os Snap Spectacles (2016) ou os Amazon Echo Frames (2019), que nunca ultrapassaram o nicho tech.
Porque é que estes óculos são diferentes?
A resposta combina três fatores:
- Integração perfeita com dispositivos existentes: não substituem smartphones, mas complementam-nos com funcionalidades mapeadas para necessidades reais (fotos rápidas, tradução em tempo real, música privada).
- Estética que elimina o estigma geek: as opções Wayfarer e Round são indistinguíveis dos modelos clássicos da Ray-Ban.
- Acessibilidade: pela metade do preço de um smartwatch premium, atraem tanto early adopters como consumidores convencionais.
O plano para não ser um one-hit wonder
A Meta já prepara a próxima geração de wearables, com projetos que testam os limites entre discrição e funcionalidade:
- Project Orion: óculos de realidade aumentada com display holográfico, destinados inicialmente a programadores (2025).
- Oakley Meta: versões à prova de água, impacto e temperaturas extremas, pensadas para desportistas.
- Edição Luxe: Projeção de notificações e indicadores de navegação diretamente no campo visual.
O desafio de escalar sem perder a identidade
Analistas alertam para dois riscos principais. Primeiro, a sofisticação crescente pode afastar o público que adotou a simplicidade da primeira geração. Segundo, concorrentes como Apple e Xiaomi preparam dispositivos semelhantes, ameaçando o monopólio atual. Zuckerberg mantém-se optimista: “Quando as pessoas param de ver tecnologia e passam a ver um acessório essencial, sabemos que acertámos na fórmula”.
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