Elon Musk, o conhecido e muitas vezes controverso CEO da Tesla, anunciou o fim do seu papel oficial no seio do governo dos Estados Unidos. A notícia foi dada pelo próprio multimilionário através de uma publicação na rede social X, na noite de quarta-feira, onde agradeceu ao Presidente Donald Trump pela oportunidade de liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, conhecido pela sigla DOGE — uma alusão curiosa à criptomoeda Dogecoin, frequentemente promovida por Musk.
Na sua mensagem de despedida, Musk expressou confiança no futuro da iniciativa, afirmando que “a missão do @DOGE apenas se fortalecerá com o tempo, à medida que se torna um modo de vida em todo o governo”. Acrescentou ainda que a sua posição como funcionário governamental especial estava “a chegar ao fim”. Esta saída, contudo, não apanhou muitos de surpresa.

Os contornos de uma saída já esperada
A partida de Elon Musk da administração da Casa Branca já era, de certa forma, antecipada. No início deste mês, o próprio empresário tinha revelado planos para se afastar das suas funções governamentais. Alegou na altura a intenção de dedicar “muito menos” recursos a campanhas políticas nos Estados Unidos, isto depois de ter investido perto de 300 milhões de dólares na campanha presidencial de Trump. Além disso, Musk comprometeu-se a dedicar mais tempo à Tesla, numa altura em que o seu envolvimento político tem sido apontado como um dos fatores que poderão ter contribuído para a queda nas vendas da fabricante de veículos elétricos.
Outro fator determinante para o timing desta saída é o limite temporal associado ao estatuto de “funcionário governamental especial”. Esta categoria de serviço tem uma duração máxima de 130 dias, um prazo que estaria prestes a expirar, considerando que o DOGE foi estabelecido a 20 de janeiro, data que marcaria o início da contagem para Musk.
A versão da Casa Branca e as críticas recentes
Fontes da Casa Branca, citadas pela agência Reuters, confirmaram que o processo de desvinculação de Musk ocorreu na noite de quarta-feira. Curiosamente, a mesma publicação avança que Musk não terá discutido formalmente a sua saída com o Presidente Trump antes de a anunciar na sua plataforma X, e que a decisão terá sido tomada “ao nível da equipa sénior” da administração.
Este desfecho surge apenas um dia depois de Elon Musk ter criticado abertamente a legislação fiscal de Trump, apelidada de “One Big Beautiful Bill” (Uma Grande e Bela Lei), durante uma entrevista à CBS. Musk argumentou que a referida lei aumentaria o défice federal e comprometeria os seus próprios esforços de redução de custos à frente do DOGE. Esta crítica pública a uma política central do presidente que o nomeou não terá certamente facilitado as relações.
A “eficiência governamental” de Musk: Promessas vs. realidade
A missão declarada do Departamento de Eficiência Governamental, sob a liderança de Musk, era ambiciosa: “reduzir o desperdício de despesa” pública. Inicialmente, durante a campanha de Trump, Musk chegou a prometer que o DOGE conseguiria cortar, no mínimo, 2 biliões de dólares na despesa federal. No entanto, estas metas foram sucessivamente revistas em baixa, primeiro para 1 bilião e, mais tarde, para uns mais modestos 150 mil milhões de dólares.
Atualmente, o website oficial do DOGE reivindica uma poupança de 175 mil milhões de dólares. Contudo, este valor, como salienta a fonte original da informação, deve ser encarado com considerável ceticismo, dadas as “exageradas” projeções anteriores e a falta de uma auditoria independente que comprove tais números. A passagem de Elon Musk pela Casa Branca fica, assim, marcada por promessas grandiosas e resultados que, no mínimo, carecem de uma validação mais clara, encerrando um capítulo invulgar na intersecção entre a alta tecnologia, os negócios e a política norte-americana.
Outros artigos interessantes: