Uma mão robótica, designada F-TAC Hand, foi desenvolvida com uma capacidade tátil que replica a sensibilidade humana a um nível de detalhe sem precedentes.
O projeto, da autoria de uma equipa da Universidade de Pequim, do Instituto de Inteligência Artificial Geral de Pequim (BIGAI) e da Universidade Queen Mary de Londres, tem o objetivo de superar um dos desafios centrais da robótica: a manipulação de objetos com destreza em ambientes dinâmicos e não estruturados.
A tecnologia, detalhada numa publicação da revista Nature Machine Intelligence, distingue-se pela integração de uma cobertura sensorial de alta resolução numa estrutura com a complexidade cinemática da mão humana. Esta abordagem permite executar tarefas de preensão e manipulação com uma adaptabilidade e precisão que as soluções comerciais atuais não possuem.
F-TAC Hand: arquitetura de um toque quase humano
A estrutura da F-TAC Hand integra 17 sensores táteis de base visual, distribuídos por seis configurações que cobrem aproximadamente 70% da superfície da palma. O sistema alcança uma resolução espacial de 0,1 milímetros, o que corresponde a cerca de 10.000 pontos de deteção por centímetro quadrado. Esta densidade sensorial excede a de outras mãos robóticas, que habitualmente apresentam um feedback tátil mais limitado e localizado.
Os sensores possuem uma dupla função, servindo tanto para a perceção como para a estrutura mecânica da mão, o que permite manter a flexibilidade articular. O dispositivo possui cinco dedos e cada um deles conta com três graus de liberdade, replicando os eixos de movimento da mão humana. O seu design modular facilita a integração em diferentes aplicações robóticas.
Controlo adaptativo em tempo real
O sistema de controlo da F-TAC Hand utiliza algoritmos generativos para processar o elevado volume de dados táteis em tempo real. Esta capacidade permite à mão executar diferentes tipos de preensão, incluindo a manipulação simultânea de múltiplos objetos. Esta é uma tarefa exigente para sistemas robóticos, pois requer a deteção de contacto em toda a mão e ajustes motores de grande precisão.
Centenas de testes de manipulação complexa validaram a eficácia do sistema. Os resultados indicaram uma melhoria substancial na precisão e estabilidade da preensão em comparação com modelos sem sensoriamento tátil. O sistema demonstrou ainda a capacidade de adaptar a sua estratégia de forma autónoma em resposta a perturbações externas, ajustando a força e a posição dos dedos com base no feedback sensorial recebido.
Conclusão
A F-TAC Hand ilustra como a convergência entre sensibilidade tátil e destreza mecânica impulsiona a robótica. A sua arquitetura e o seu sistema de controlo demonstram que a perceção física detalhada é um fator determinante para a manipulação inteligente de objetos.
Este avanço abre perspetivas para aplicações em próteses, automação industrial e robótica assistiva, ao mesmo tempo que contribui para a investigação sobre a inteligência incorporada em sistemas de base física.
Outros artigos interessantes: