Numa era em que a nossa privacidade digital é constantemente ameaçada e os nossos dados são o produto mais valioso das grandes empresas de tecnologia, um número crescente de utilizadores procura alternativas. É para este público, que desconfia do ecossistema da Google mas não quer abdicar da flexibilidade do Android, que surge uma nova e radical proposta: o HIROH Phone.
Este novo smartphone, vindo de uma startup do Texas, não só promete uma experiência “desgooglificada”, livre dos serviços e do rastreamento da Google, como também inclui uma característica de hardware retirada diretamente do manual de um filme de espionagem: interruptores físicos (kill switches) que te permitem desligar instantaneamente a câmara, o microfone e todas as ligações sem fios.
O que significa, na prática, um ‘smartphone’ “sem Google”?
O coração do HIROH Phone é o seu sistema operativo, o e/OS. Trata-se de uma versão de código aberto do Android que foi cirurgicamente “limpa” de todos os serviços e aplicações da Google. Isto significa que, por defeito, o teu smartphone não comunica constantemente com os servidores da Google, não constrói um perfil de comportamento para te mostrar anúncios e substitui as aplicações padrão, como o Gmail ou o Maps, por alternativas de código aberto e focadas na privacidade.
Na prática, tens a familiaridade e a versatilidade do Android – o acesso a aplicações, a personalização e a funcionalidade – mas sem a camada de recolha de dados que normalmente a acompanha.

O controlo total: os teus novos “interruptores de pânico”
O que realmente distingue o HIROH Phone de outros smartphones de privacidade é a sua abordagem ao nível do hardware. O dispositivo inclui dois interruptores físicos:
- Um para a câmara e microfone: Ao acionar este interruptor, a energia destes componentes é fisicamente cortada. Isto oferece uma garantia de 100% de que nenhuma aplicação, malware ou falha de sistema consegue aceder aos teus sensores de áudio e vídeo. É a solução definitiva contra a escuta ou vigilância indesejada.
- Um para a conectividade: Um segundo interruptor permite-te desligar instantaneamente o GPS, o Wi-Fi e o Bluetooth com um único toque. É um “botão off-the-grid” para momentos em que queres ter a certeza absoluta de que não estás a ser localizado ou a emitir qualquer sinal.
Um topo de gama por dentro? As especificações
Para além das suas características de privacidade, o HIROH Phone apresenta uma ficha técnica de gama-média alta bastante sólida. É alimentado pelo processador MediaTek Dimensity 8300, acompanhado por uns generosos 16GB de RAM e 512GB de armazenamento, que pode ainda ser expandido com um cartão microSD encriptado.
O ecrã é um painel AMOLED de 6.7 polegadas com 120Hz de taxa de atualização, a bateria tem uma capacidade de 5.000mAh e o sistema de câmaras traseiro é liderado por um sensor de 108MP.
Uma batalha de David contra Golias
O que levanta mais questões sobre o HIROH Phone é a sua ambição e o seu preço. A empresa não esconde que quer competir diretamente com os gigantes da indústria, chegando a colocar no seu site uma tabela comparativa com o Samsung Galaxy S25 Plus.
No entanto, com um preço final de 999 dólares, o HIROH Phone entra no território dos topos de gama, onde o seu processador Dimensity 8300, embora competente, fica aquém dos Snapdragon mais potentes da concorrência.
Isto deixa claro que o valor deste smartphone não está no seu desempenho bruto, mas sim no que se pode chamar de “prémio de privacidade”. O cliente do HIROH Phone não está a comprar o smartphone mais rápido; está a investir num dispositivo que lhe oferece um nível de controlo e de paz de espírito que mais nenhum outro no mercado consegue igualar.
O HIROH Phone já se encontra em pré-reserva nos EUA, com as entregas previstas para fevereiro de 2026. Embora seja improvável que se torne um sucesso de massas, a sua existência é um sinal importante de que há um mercado crescente para uma tecnologia que coloca o poder, e a privacidade, de volta nas mãos do utilizador.
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