Uma investigação da Polícia Judiciária (PJ) culminou na detenção de um homem de 45 anos, suspeito de orquestrar um esquema de burla romântica que lesou uma mulher portuguesa em mais de 250.000 euros. O caso, que demonstra a sofisticação crescente destes golpes, envolveu o burlão a fazer-se passar por um artista famoso, desenvolvendo uma relação afetiva falsa com a vítima ao longo de vários anos.
A operação, conduzida pela Diretoria do Norte da PJ, terminou com a prisão em flagrante delito do suspeito no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. O homem, que reside em França, viajou até Portugal com a intenção de receber mais 25.000 euros num encontro presencial, momento em que foi intercetado pelas autoridades.
A teia da “Burla do Amor”: anos de engano e transferências milionárias
A investigação revelou que a vítima, uma mulher de 64 anos, foi aliciada através das redes sociais em 2022. Durante mais de três anos, o burlão cultivou uma relação afetiva com ela, fingindo ser um artista conhecido. Este engano gradual foi a base para a extorsão de avultadas quantias de dinheiro.
As transferências, que ultrapassaram os 250.000 euros, foram feitas através de vários métodos, incluindo transferências bancárias e, em fases mais recentes, através da aquisição de cartões de criptomoedas, um método que os criminosos usam frequentemente para dificultar o rastreio do dinheiro.
O golpe tornou-se ainda mais audacioso na sua fase final. Quando o burlão viajou para o Porto para o que seria o encontro presencial final, com o objetivo de receber mais 25.000 euros, foi detetado e detido pelos agentes da PJ. Durante a detenção, foram apreendidos vários equipamentos, como smartphones, que serão analisados como prova do esquema.

O perigo da ilusão: porque é que o “Romance Scam” funciona?
Este caso é um exemplo trágico do “Romance Scam” (Burla do Amor), um esquema que explora a confiança e a vulnerabilidade emocional, e que tem vindo a crescer em sofisticação. A PJ deixa um alerta claro sobre os sinais de alerta a que todos devemos estar atentos.
Os burlões, muitas vezes assistidos por ferramentas de IA que corrigem os seus erros de escrita, criam perfis falsos em redes sociais ou aplicações de encontros. O ataque inicial é sempre o mesmo: estabelecer rapidamente uma ligação emocional e pedir conversas privadas.
Os sinais de alerta são subtis, mas críticos:
- Sentimentos muito rápidos: Alguém que conheceste há pouco tempo e que já declara sentimentos profundos.
- Comunicação vaga ou com erros: A utilização de traduções automáticas ou mensagens mal escritas pode ser um indício de que a pessoa não é quem diz ser.
- Pedidos de favores: Após ganharem a tua confiança, o pedido de dinheiro, presentes ou mesmo de material comprometedor (que pode ser usado para chantagem) é o passo seguinte.
A importância de proteger os teus dados e a tua carteira
A PJ reforça que a defesa começa na forma como te comportas online. Deves avaliar sempre os riscos ao partilhar dados pessoais em redes sociais ou sites de encontros, pois os criminosos usam estas informações para criar perfis falsos convincentes. Fazer perguntas diretas e pesquisar as fotos de perfil online são passos simples que podem desmascarar um burlão.
Além disso, no que toca ao aspeto financeiro, a regra de ouro é clara: nunca faças transferências de dinheiro a pedido de alguém que conheceste online. Fazer isto pode, inclusive, colocar-te em situação de crime de branqueamento de capitais.
No caso de seres vítima, a mensagem da PJ é essencial: não tenhas vergonha, para os contactos imediatamente e guarda todas as comunicações. Mensagens de chat, e-mails e registos de chamadas são provas cruciais para a investigação. A queixa formal junto das autoridades e o contacto com o teu banco, caso tenhas fornecido dados de conta ou cartão, são os passos imediatos a seguir.
Este caso serve como um lembrete sombrio de que, na era digital, as armadilhas são cada vez mais sofisticadas e podem ter consequências reais e devastadoras.
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