Cada vez mais presentes, jogos sobre a temática “saúde mental” ganham cada vez mais destaque no mercado de games.
Ainda que a saúde mental seja um assunto seríssimo, nem sempre ela é abordada da forma correta. Mesmo nos dias de hoje, ainda existe muito tabu que roda em torno das doenças que afetam a mente. E, embora devesse ser encarada como qualquer outra enfermidade, os transtornos mentais são retratados como assuntos delicados, que não devem ser comentados e que geram desconforto para a maior parte das pessoas.
Esse preconceito a respeito do tema gera um tremendo atraso, tanto para cura e tratamento de pessoas enfermas, quanto para a própria discussão na sociedade como um todo. Falar de saúde mental deveria ser tão normal quanto comentar sobre qualquer outra parte do corpo. É por isso que informações certas, vindas de profissionais capacitados e fontes confiáveis, aproximam os cuidados com a mente de forma natural em atividades rotineiras. Afinal, diferentemente do que muitos pensam, as doenças mentais não são apenas hereditárias – podem se desenvolver no dia a dia com muita facilidade.

Informar sobre saúde mental de forma lúdica
Como falar sobre isso é um tema delicado, alguns estúdios desenvolvedores de videogames têm essa preocupação e têm produzido jogos que abordam temáticas como luto, depressão e isolamento. Muitos desses games são detentores de prêmios renomados e ajudam, de uma forma diferente, na conscientização das enfermidades da mente, em como é a vida de uma pessoa com alguma dessas aflições e mesmo como detectar essas doenças, alavancando mais interesse na área.
Com base nesse cenário, preparamos uma lista de quatro games sobre saúde mental que talvez você não conheça. Confira.
That Dragon, Cancer
“That Dragon, Cancer” é um game autobiográfico baseado em momentos da vida de seus criadores, o casal Ryan e May Green. O filho Joel, do casal, foi diagnosticado com um câncer terminal ainda muito jovem, com 1 ano de idade. O game é uma jornada digital da doença, passando pelo diagnóstico, tratamento e se concluindo na morte de Joel. Além disso, o jogo se passa pela perspectiva dos pais enfrentando a depressão e a ansiedade, ao mesmo tempo em que tentam aproveitar o máximo do tempo junto ao filho. Desenvolvido por um pequeno estúdio independente, o Numinous Games, o jogo ganhou repercussão em vários países e ganhou o prêmio de jogo de impacto do ano no The Game Awards de 2016.
Hellblade: Senua’s Sacrifice
Senua é uma guerreira celta (região da atual Escócia) atormentada pela perda de seu amado durante a guerra contra uma invasão viking no século IX. Em busca de respostas, ela parte para Hellheim, reino para onde vão as almas daqueles que morreram fora da glória da batalha. Senua acredita que sofre de algum tipo de maldição, posto que é assombrada por uma entidade e ouve vozes em sua cabeça. Abalada pelo trauma de perder seu lar e seu companheiro, a jornada pela psique da personagem é intensa.
O game não utiliza artifícios facilitadores, como um minimapa ou uma bússola para o jogador se guiar – todo o sistema de navegação é feito através de dicas dadas pelas vozes que rondam a cabeça da personagem para direcioná-la pelo mundo perturbador de Hellheim. Desenvolvido pelo estúdio Ninja Theroy, “Hellblade: Senua’s Sacrifice” foi vencedor na categoria jogo de impacto do ano no The Game Awards de 2017.
Actual Sunlight
“Actual Sunlight” mostra o cotidiano de Evan Winter, um homem de 30 anos que odeia sua vida e seu trabalho. Porém, ao contrário de outros protagonistas que são heróis corajosos e ansiosos pelo chamado da aventura, Evan nunca tem coragem de fazer alguma coisa sobre isso.
O jogo traz uma visão realista do dia a dia de uma pessoa com depressão. O criador do jogo, Will O’Neil, diz que “Actual Sunlight” é um game autobiográfico e que o apartamento do personagem foi modelado com base em seu próprio. O jogo também aborda questões sobre sexualidade e suicídio ao se aprofundar nos pensamentos do personagem, que enfrenta um mundo repetitivo e sem cor. O game foi lançado para PC e PS Vita.
Life is Strange
Publicado por uma empresa gigante no mercado de games, Square Enix, “Life is Strange” conta a história da estudante Max, que descobre que tem o poder de voltar no tempo após testemunhar um assassinato no banheiro de sua escola. A partir desse evento e do misterioso desaparecimento de uma conhecida, a sua vida e a de seus colegas passa por uma série de mudanças – muitas delas, decididas pelo próprio jogador.
O game aborda uma série de temas, como divisão social, bullying e suicídio. As decisões do jogador e a forma como ele faz a personagem interagir com outros dita o desenrolar da história. O jogo é dividido em cinco episódios e já conta com uma continuação e um spin-off lançados após o sucesso do primeiro título.
Embora sejam muito interessantes os videogames que abordam assuntos tão controversos e delicados como as enfermidades psicológicas, eles não são pontos decisivos para o diagnóstico de uma possível doença. Vale lembrar que é sempre importante procurar o seu médico, que tenha feito uma boa faculdade de medicina, de psicologia ou de pedagogia, para orientar como agir nesses casos.
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