A Apple desistiu de avançar com os óculos de realidade aumentada que desenvolvia há vários anos, segundo informações de Mark Gurman, analista da Bloomberg. O projeto, com o nome interno N107, foi arquivado devido a limitações tecnológicas que comprometiam a experiência do utilizador.
Fontes próximas à empresa indicam que os protótipos iniciais apresentavam problemas críticos de consumo energético. Ao ligar-se a iPhones, os óculos causavam uma redução abrupta da autonomia da bateria dos dispositivos. Além disso, o hardware disponível atualmente não oferecia potência suficiente para suportar funções avançadas de realidade aumentada em tempo real.

Equipamento ultraleve não convenceu executivos
A ambição da Apple era criar um acessório discreto, com lentes equipadas com ecrãs capazes de projetar informações diretamente no campo visual. A ideia passava por integrar notificações, mapas e outros dados úteis sem sobrecarregar o utilizador. Contudo, testes internos revelaram que o design não compensava as limitações técnicas.
Executivos da empresa terão considerado os protótipos apresentados insuficientemente refinados para justicar um lançamento comercial. A Apple mantém padrões elevados para produtos de consumo, e os óculos N107 não cumpriam requisitos básicos de desempenho e eficiência.
Concorrência avança no mercado de AR
Esta decisão coloca a Apple numa posição menos vantajosa face a gigantes como Meta, Samsung e Google. A Meta comercializa desde 2021 os Ray-Ban Stories e trabalha num modelo mais avançado, batizado Orion. Por outro lado, Samsung e Google uniram-se para criar uma plataforma de realidade estendida (XR) que rivalizará com o Vision Pro.
Ainda assim, a Apple não desistiu totalmente da realidade aumentada. O Vision Pro — o headset premium apresentado em 2023 — continua a ser central na estratégia da marca. Contudo, este dispositivo difere radicalmente dos óculos N107: tem um design mais robusto, preço elevado e foca-se em aplicações profissionais.
O que significa para os utilizadores?
Para o consumidor comum, o cancelamento significa que não verá óculos estilo Apple Glass no mercado a curto prazo. A empresa parece preferir apostar em dispositivos de alto desempenho em detrimento de acessórios diários.
Apesar do revés, fontes indicam que a equipa de hardware continua a explorar conceitos alternativos para óculos inteligentes. O caminho, porém, será mais longo: não há previsões para um novo protótipo, e a Apple precisará de resolver problemas como:
- Autonomia energética em dispositivos miniaturizados
- Processamento de dados sem dependência excessiva de smartphones
- Conforto para uso prolongado
Enquanto isso, rivais aproveitam para consolidar presença num setor que a Apple ainda vê como estratégico. A questão que fica é se a marca conseguirá reagir a tempo — ou se perderá a corrida para quem já tem produtos em fase avançada de teste.
Outros artigos interessantes: