Portugal registou 161,1 mil contas violadas apenas no primeiro trimestre de 2025, de acordo com a mais recente análise da empresa de cibersegurança Surfshark. Este número coloca o país na 32.ª posição do ranking global de violações de dados, num trimestre que, apesar da quebra significativa face ao final de 2024, continua a levantar sérias preocupações sobre a segurança digital dos portugueses.
Uma quebra acentuada… mas ainda preocupante
Comparando com o último trimestre de 2024, o número de contas expostas em Portugal sofreu uma queda de 71,4%. No entanto, mesmo com esta descida, a quantidade de registos comprometidos continua a ser elevada. Esta tendência acompanha os dados globais, que mostram uma redução de 93% nas violações de contas, passando de quase mil milhões para 68,3 milhões em apenas três meses.
Luís Costa, especialista da Surfshark, alerta para o facto de, apesar da melhoria, não se dever baixar a guarda: “As ameaças continuam a evoluir. É essencial manter práticas seguras, como atualizar palavras-passe regularmente e ativar a autenticação em dois fatores”.

Um histórico digital vulnerável
Desde 2004, Portugal já acumulou mais de 263 milhões de registos pessoais expostos. Em média, cada endereço de e-mail português foi comprometido cerca de quatro vezes e, estatisticamente, um português médio já foi afetado por violações de dados oito vezes. Este valor coloca Portugal como o 5.º país com maior taxa de incidência por habitante, excluindo países com menos de um milhão de residentes.
Ao todo, foram identificados 20,6 milhões de e-mails únicos violados no país, acompanhados por 48,1 milhões de palavras-passe divulgadas. Mais de metade das contas violadas estavam associadas a credenciais sensíveis, o que significa que 59% dos utilizadores afetados podem estar em risco de roubo de identidade ou outras formas de cibercrime.
Portugal na fotografia europeia
No contexto do sul da Europa, Portugal ocupa a 4.ª posição no número de contas comprometidas, ficando atrás apenas de países como Espanha e Itália. No mapa global, os Estados Unidos continuam a liderar com mais de 16 milhões de contas violadas no trimestre analisado, seguidos pela Rússia, Índia, Alemanha e Espanha.
O estudo revela ainda que, em Portugal, existem 782 contas violadas por cada 100 habitantes, um número muito superior à média global, que se fixa nas 280 contas por 100 pessoas. Este dado reforça a ideia de que os portugueses estão particularmente expostos a riscos online.
A importância de hábitos digitais seguros
Os investigadores da Surfshark sublinham que, apesar da descida no número de violações, a vigilância não deve ser descurada. As táticas dos cibercriminosos estão em constante mudança e a sofisticação dos ataques exige uma resposta igualmente robusta por parte dos utilizadores.
Adotar palavras-passe fortes, usar gestores de credenciais, ativar autenticação em dois passos e evitar repetir o mesmo e-mail ou password em diferentes serviços são práticas que podem ajudar a reduzir significativamente o risco.
Num mundo cada vez mais digital, manter os dados seguros já não é apenas uma questão de prudência, é uma necessidade essencial.
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