O quinto episódio da segunda temporada de The Last of Us já chegou à HBO e, como é habitual, deixou-nos a processar uma montanha de acontecimentos e revelações. A discussão desta semana entre os nossos comentadores, Andrew Cunningham (que não jogou os videojogos) e Kyle Orland (que conhece bem o material original), mergulhou nas novas ameaças, nos dilemas morais das personagens e nas reviravoltas que prometem abalar o resto da temporada. Prepara-te, porque há muito que analisar.
A ameaça fúngica evolui: esporos no ar e infetados mais astutos
Se até agora a maioria dos infetados que vimos eram da variedade “horda descerebrada e barulhenta”, este episódio veio reforçar que o perigo está em constante mutação. Uma das grandes reviravoltas, especialmente para quem não conhece os videojogos como Andrew, foi a revelação de que um ninho de cordyceps, datado de 2003, se tornou um foco de esporos aéreos. Isto significa que a infeção pode agora propagar-se sem a necessidade de uma mordidela, alterando drasticamente as regras de sobrevivência.
Kyle Orland, por sua vez, salientou que, embora os esporos sejam um conceito familiar para os jogadores, a ideia de infetados “inteligentes” — criaturas que retêm algum sentido de estratégia e instinto de autopreservação, como vimos no início da temporada e novamente neste episódio — é uma novidade introduzida pela série. Esta evolução sugere que os fragmentos de civilização que conseguiram estabelecer-se podem estar assentes em pressupostos errados sobre a natureza e as capacidades destes monstros.
Entre a sorte e o perigo iminente: os apuros de Ellie e Dina
O momento em que Dina se vê encurralada por um destes infetados mais fortes e astutos, que desfazia ativamente a sua frágil proteção, foi, para Kyle, o primeiro em que realmente temeu pela sua sobrevivência. Contudo, como que por magia, Jesse surge para salvar o dia. Andrew notou aqui um padrão emergente: sempre que Ellie e Dina parecem verdadeiramente encurraladas, uma entidade externa intervém no último minuto.
Se na semana passada foi um inimigo que, coincidentemente, eliminou os perseguidores da dupla, desta vez foi um aliado. Andrew suspeita que a sorte delas se esgotará mais perto do final da temporada, enquanto Kyle, com o seu conhecimento dos jogos, apenas adianta que podemos esperar tanto momentos de sorte como de azar para ambas.
A brutalidade humana e os dilemas da vingança
O episódio não poupou os espetadores a momentos de grande violência, especialmente no que toca ao tratamento que os cultistas locais dispensam aos membros capturados da WLF.
Kyle considerou que a forma como a série se demorou nestes momentos de tortura foi, de alguma forma, mais gratuita do que cenas igualmente sangrentas nos videojogos. Andrew, por outro lado, ponderou que, tendo os cultistas sido comparados a “Amish” e não possuindo o arsenal militar típico de outras fações, esta brutalidade serve para os estabelecer como uma ameaça credível aos olhos do público. Ainda assim, para os mais sensíveis, foram cenas difíceis de assistir.
A relação de Ellie e Dina sob o peso da vingança
Andrew confessou-se cada vez mais fã da relação entre Dina e Ellie, ou pelo menos de Dina como personagem. Considera-a inteligente, capaz e um bom contrapeso aos impulsos mais irrefletidos de Ellie, mesmo que a sua história trágica seja um pouco cliché (algo que a própria Dina reconhece). Kyle, por sua vez, acha a dinâmica entre as duas tão cativante quanto a de Joel e Ellie na temporada anterior.
No entanto, expressou que a sede de vingança que as move parece cada vez menos relevante com o passar do tempo. A série parece reconhecer isto, parando várias vezes para questionar se vale a pena continuar a perseguição, quando a alternativa seria regressar a Jackson. Andrew concorda, sentindo que esta demanda só pode terminar em miséria, especialmente porque suspeita que a “armadura de enredo” de Jesse não seja tão resistente como a de Ellie ou Dina.
Revelações, perseguições e o conhecimento de Ellie
A perseguição a Nora, um dos membros do grupo que matou Joel, culminou na sua captura e num confronto tenso numa cave infestada de cordyceps. Kyle achou que, embora a cena espelhasse uma similar no jogo, a suspensão da descrença foi mais difícil na adaptação televisiva, questionando como soldados armados não conseguiam deter Ellie. Andrew, no entanto, elogiou o impacto visual do covil de cordyceps, com os infetados a expelir nuvens de esporos.
A grande revelação deste segmento foi que o que Joel fez aos Vaga-lumes no hospital, no final da primeira temporada, aparentemente não é novidade para Ellie. Quando Nora lhe conta, Ellie não parece surpreendida. Andrew especula que ou Ellie já sabia, ou é uma mentirosa exímia — embora costume ser bastante transparente com as suas emoções. Kyle, evitando spoilers, achou que a forma como esta informação crucial foi entregue — pela boca desesperada e infestada de esporos de Nora — não teve o impacto desejado.
Um final abrupto e a promessa de um olhar ao passado
O episódio terminou com um corte súbito de Ellie a torturar Nora para um flashback de uma jovem Ellie em tempos mais pacíficos. Kyle achou esta transição desconcertante. Andrew interpretou-a como um indício de que o próximo episódio poderá ser dedicado a explorar o passado, preenchendo o que Ellie sabe e porquê, antes de retomar a caça a Abby.
A possibilidade de ver Joel novamente foi certamente um dos grandes ganchos deixados para a próxima semana, alimentando a especulação dos fãs. Este quinto episódio elevou consideravelmente as apostas, aprofundou os conflitos internos e externos das personagens e deixou no ar uma série de questões que só os próximos capítulos poderão responder.
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