O Ministério do Comércio de Taiwan adicionou as empresas chinesas Huawei Technologies e Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC) à sua lista de controlo de exportações, numa decisão que aprofunda as tensões tecnológicas entre Taipé, Pequim e Washington. A medida coloca estas companhias ao lado de organizações como o Talibã e a Al-Qaeda na lista oficial de entidades restringidas.
A inclusão na denominada “lista de commodities estratégicas de alta tecnologia” obriga as empresas taiwanesas a obter autorização governamental antes de exportar qualquer produto ou tecnologia para a Huawei e SMIC. A atualização foi publicada no website da administração comercial do ministério da economia taiwanês durante o fim de semana, sem anúncio público formal.

Impacto nas ambições tecnológicas chinesas
A decisão taiwanesa surge num contexto de intensificação da guerra tecnológica global, com a China a procurar desenvolver capacidades domésticas em semicondutores para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. Tanto a Huawei como a SMIC desempenham papéis centrais neste esforço, produzindo os chips de inteligência artificial mais avançados desenvolvidos internamente pela China.
A Huawei, que está no centro das ambições chinesas em IA, já enfrenta sanções americanas que a impedem de aceder a tecnologia e produtos dos Estados Unidos, incluindo chips fabricados por empresas como a TSMC que utilizam tecnologia americana. A SMIC, maior fabricante de chips da China, tem aumentado o investimento para expandir a capacidade produtiva face aos controlos de exportação americanos.
As novas restrições taiwanesas limitam parcialmente o acesso destas empresas às tecnologias de construção de fábricas, materiais e equipamentos essenciais para produzir semicondutores de IA, áreas onde Taiwan possui expertise significativo. Em 2023, várias empresas taiwanesas ajudavam a Huawei a construir infraestrutura para uma rede de fábricas de chips no sul da China.
Posição estratégica de Taiwan
Taiwan abriga a TSMC, maior fabricante mundial de semicondutores por contrato e fornecedor principal da Nvidia, líder em chips de IA. A ilha produz aproximadamente 90% dos semicondutores mais avançados do mundo, conferindo-lhe uma posição estratégica crucial na cadeia de fornecimento global.
Em novembro de 2024, os Estados Unidos ordenaram à TSMC que suspendesse o fornecimento de determinados chips avançados a clientes chineses, como parte de esforços mais amplos para restringir o acesso da China a tecnologias de ponta. Esta medida seguiu-se à descoberta de um chip TSMC no processador de IA 910B da Huawei, considerado o acelerador de IA mais avançado produzido em massa por uma empresa chinesa.
O governo taiwanês tem reforçado repetidamente o compromisso de combater tentativas de empresas chinesas, incluindo a SMIC, de apropriar tecnologia e atrair talentos do setor de chips da ilha. A China reivindica soberania sobre Taiwan, que rejeita firmemente qualquer tentativa de unificação forçada.
A decisão de Taiwan alinha-se com as políticas de restrição tecnológica americanas e representa mais um capítulo na crescente fragmentação da cadeia de fornecimento global de semicondutores. As empresas taiwanesas enfrentam agora maior burocracia e custos operacionais acrescidos para negociar com gigantes tecnológicos chineses, numa dinâmica que pode acelerar a diversificação geográfica da produção de chips.
Fonte: The Associated Press
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