Ontem o dia começou gélido e chuvoso, como é comum nesta época do ano para os lados de cá do Atlântico. Nunca senti tanta saudade dos trópicos como ontem, ao acordar e ver pela janela do quarto a chuva que incessantemente caía. Logo pensei: “bendito modo de começar o MEU dia!”.
Saí da cama com algum mau humor, confesso. Para além do fa[c]to de estar viva, não conseguia ver nenhum motivo para comemorar – muito embora fosse o MEU dia. Resmunguei uns desaforos ao universo, enquanto me espreguiçava toda, ainda na cama.
Reclamei do mau tempo, da falta de emprego, da solidão dos últimos dias, da saudade do feijão com arroz que só a minha mãe sabe fazer, da falta de ter por perto os amigos de infância e a minha enorme família.
[…]
Quase quatro décadas se passaram desde que eu dei o meu primeiro berro neste planeta. Gravatá, São Paulo, Porto, Mundo: desde muito cedo, sempre soube que eu, cidadã do mundo, derrubaria cercas e ampliaria meus quintais. E assim foi, na certeza de fazer dos meus dias aventuras constantes – nada de muito doce, porque tudo que é muito doce, cedo ou tarde, enjoa!
Ontem, mesmo com o calendário a apontar dia de comemorações, não poderia ser diferente dos demais [agridoce seria, portanto]. Contudo, o dia que começou com lamúrias e resmunguices, logo se tornaria em enredo de carnaval. Tantas mensagens, tantas chamadas, dos mais variados lugares desse mundo que há muito é meu quintal. Tantas homenagens, piadas, palavradas de amor. Tantas felicitações e alguns puxões de orelha…
Tudo bem temperado e bem servido, estava pronto o meu banquete de aniversário. Sorri o meu sorriso mais largo. Vesti-o de tal forma que, penso eu, levará algum tempo até que o dispa outra vez. E se sorrio é por que sou Menina de sorte, que vê a vida sempre com os olhos de quem não perde a fé jamais, de quem acredita que o “hoje” é sempre o melhor dia que a vida nos pode oferecer.
Sorri. Gargalhei muitas vezes durante todo o dia. E não o poderia ter feito sem vocês que – sem importar o tempo nem o espaço – fizeram do meu “hoje” o melhor de todos os dias. Obrigada, gente boa, pelo cuidado de me mostrar que “comemorar é preciso… faça chuva ou faça sol”.
É para vocês que guardo o meu melhor sorriso… SEMPRE!
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