Gil Salema da Costa, CIO da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões), realça que a área dos seguros em Portugal, numa perspetiva de tecnologia, vive em maturidades diferentes. Numa consulta feita pela CIONET, a maior comunidade de executivos de TI na Europa, com mais de 5.300 CIOs, CTOs, CDOs e CEOs, o responsável máximo da tecnologia da ASF sublinha que existem companhias a pensar em unificar e rentabilizar sistemas e estruturas resultantes de fusões recentes ou em migrar sistemas core para plataformas mais recentes, mais completas, mais abertas e ágeis. No entanto, continua o responsável, algumas “estarão ainda preocupadas em melhorar experiências de utilização com o objetivo de facilitar a aquisição de produtos complexos, diretamente ou através das redes que possuem, e outras a ponderar o equilíbrio da utilização de outsourcing razoável versus o insourcing indispensável, com o objetivo de melhorar custos de eficiência das suas TI”. “E todas terão o Solvência II e a qualidade dos dados como desafio para resolver a curto prazo”, rematou.
A entrevista feita com Gil Salema da Costa resulta de uma série de ações de estudo de mercado efetuadas pela CIONET em Portugal, que visam saber, por sector e junto das autoridades máximas do mesmo, o estado das tecnologias no nosso país.
Nesta mesma consulta, Gil Salema da Costa realça ainda a importância de as empresas continuarem a olhar a médio e longo prazo de forma a antecipar e beneficiar de alguns dos desafios que se aproximam, alguns de forma muito rápida, como por exemplo, a Internet of Things (IoT), os sistemas de informação geográfica (GIS) e o Big Data, pelos benefícios que podem trazer em termos de modelos preditivos no suporte à decisão e no desenho e otimização de produtos.”
Do ponto de vista da inovação tecnológica, Gil Salema da Costa considera que apesar da familiaridade e proximidade dos seguros com a banca, o sector que mais impacta os seguros é definitivamente o da saúde. Não só pela revolução que se adivinha com a manipulação genética e controlo do genoma, mas também através da miniaturização de sensores capazes de capturar informação médica a um nível nunca imaginado, o que vai trazer grandes avanços para o conhecimento nesta área e para a prevenção da saúde. “São desafios apaixonantes e com um impacto enorme nos seguros, do princípio ao fim”, salienta o CIO.
Questionado sobre os conselhos que daria a alguém que tenha aceite recentemente o desafio de ser CIO de uma seguradora, Gil Salema da Costa, começa por referir que “é cada vez mais claro que o “I” de Information tem de passar a ser “I” de Integration”. “A gestão da informação por si só já traz aliciantes e enormes desafios, e os benefícios que as tecnologias de informação podem aportar estão longe de estar maduros”, aponta. E no caso particular de uma seguradora, “basta pensar nos desafios que a IoT e o Big Data comportam para que isto seja inquestionável”. Neste campo, os CIOs têm de considerar de máxima importância a integração com bons modelos de negócio, a interação simbiótica entre as equipas de TI e de negócio e ter um planeamento para lá do orçamento anual.
“As propostas que o Solvência II traz incluem, sem dúvida, as melhores práticas para este sector. Não só devido aos requisitos de governance de uma forma geral, mas também de auditoria interna, gestão de risco, pois é hoje consensual que os principais problemas de uma companhia de seguros se devem a más decisões de gestão ou gestão de risco inapropriada”, avança Gil Salema da Costa, rematando: “É uma mudança importante de uma cultura baseada em compliance para uma cultura de gestão de risco adequada, e que traz desafios importantes não só às seguradoras como às autoridades de supervisão. Além de ser integradora e facilitadora das boas práticas e/ou certificações que já utilizamos, o Solvência II obriga a uma mudança cultural”.
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