Entre os dias 7 e 10 de Outubro de 2015, a cidade do Porto vai ser convidada a desafiar a dicotomia que domina o pensamento, no quotidiano, na vida e na arte. Falamos de cinema e falamos de género, nomeadamente nas temáticas que (ainda) são afastadas dos grandes circuitos comerciais, as questões de identidade de género: gay, lésbica, bissexual, transgénero e transsexual – falamos do Cinema Queer.
“Queer” porque consiste em desafiar e em desconstruir as representações sociais normativas em torno da sexualidade e da identidade de género, incluindo, sem medos, as possibilidades que vão para além do que nos é socialmente transmitido como feminino, masculino, rosa e azul… assumindo a subjectividade com que cada um identifica as cores de um arco-íris.
Em 1997 foi criado o primeiro festival nacional de Cinema Queer, em Lisboa, mas este ano, através da Associação Cultural Janela Indiscreta, o Porto também será palco do acontecimento cultural.
No Queer Porto 1, o público pode contar, não só com exibições cinematográficas inéditas, mas também com performances, instalações, a presença de vários convidados internacionais e ainda uma Competição para a Melhor Longa-Metragem de ficção ou documental.
Os palcos do evento encontram-se um pouco pela cidade: o Teatro Municipal Rivoli, o Maus Hábitos – Espaço de Intervenção Cultural, a Mala Voadora Porto e a Galeria Wrong Weather.
Damos especial destaque para as estreias de dois dos filmes mais marcantes do actual Cinema Queer brasileiro: “Sangue Azul”, de Lírio Ferreira, distinguido como Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, com honras de filme de abertura da secção Panorama da passada edição da Berlinale; e “Praia do Futuro”, de Karim Aïnouz, um dos nomes maiores do Cinema Queer mundial.
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A presença portuguesa é representada com “Rabo de Peixe”, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, um documentário exibido fora da competição do Festival de Cinema de Berlim, sobre uma comunidade em São Miguel, nos Açores, ligada à pesca artesanal, e sobre a relação dos pescadores com o mar e a morte.
Dos 13 países presentes no festival, os EUA é o mais representado, com cinco filmes, seguido do Brasil, Líbano e França, com quatro filmes cada.
Temáticas como a situação na Síria, a prostituição, o processo da transsexualidade, a influência da feminista e filósofa Susan Sontag ou o passado colonial da Califórnia perpassam os diferentes olhares queer da Competição Oficial, com 12 ficções e documentários a concurso que serão exibidos no Auditório Isabel Alves Costa do Teatro Municipal Rivoli.
No dia 10, o Maus Hábitos é o palco da Festa de Encerramento do Queer Porto 1, onde terão lugar performances onde o género se esbate e a identidade será livre de se manisfestar.
Segundo Goffmann, “(…) não podemos dizer que existe identidade de género, há apenas um catalogo de representações de género, há apenas a prova de práticas entre sexos de comportamentos coreografados, expectáveis”.
Desafiar o expectável, é pois a proposta que nos é oferecida no Queer Porto 1.
Fonte: Queer PORTO 1
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