A área de intermediação de crédito tem vindo a sofrer alterações profundas devido à tecnologia. Onde estamos e para onde nos vai a tecnologia levar?
Do simples pormenor, à mais complexa das ações do dia a dia, a tecnologia mudou as nossas vidas. O acelerado desenvolvimento tecnológico das últimas décadas veio transformar a forma como pensamos, agimos e interagimos. Como vivemos, no fundo.
A tecnologia está por todo o lado e a sua democratização tornou a nossa vivência muito mais facilitada. Alguém se atreveria, hoje, a abdicar do conforto, conveniência, eficiência ou segurança que nos proporciona?
A sua preponderância é tal que a história já se encarregou de caracterizar estes novos tempos. Estamos a viver a 4ª revolução industrial. Uma série de avanços tecnológicos que mudam a forma como as empresas produzem bens e serviços.
O que também não ficou alheio a toda esta revolução foi o setor do crédito. Para profissionais ou consumidores, os avanços foram muitos – e profundos – mas é para os segundos que mais se notam os seus benefícios.
No passado, o acesso ao crédito estava cheio de entraves…e dores de cabeça. A burocratização do processo tornava-o lento. E a dificuldade no acesso à informação obrigava a verdadeiras odisseias pelas instituições de crédito. De lá para cá, muita coisa mudou. Destacaria cinco aspectos fundamentais:
1 – Acesso mais facilitado: a automatização dos processos fez a análise de crédito mais eficiente, tornando o acesso mais fácil e rápido;
2 – Mais opções e transparência: a tecnologia permitiu, não só, o surgimento de muitas e inovadoras opções, mas, também, uma grande facilidade em chegar até elas, compará-las e analisá-las. Com isto, melhorou, ainda, a transparência, pelo acesso a informação mais detalhada sobre termos e condições praticadas;
3 – Mais conveniência: maior agilidade na obtenção de empréstimos e gestão das finanças ao minuto, sem barreiras de tempo ou geográficas;
4 – Menos burocracia: hoje, numa questão de horas, e sem papeladas, é possível ter-se um crédito aprovado. Um enorme contraste com as várias reuniões e visitas a bancos a que antes estávamos obrigados;
5 – Redução de custos: se tempo é dinheiro, a tecnologia trouxe poupança de um e de outro na obtenção e gestão de créditos. As múltiplas opções disponíveis, os simuladores e comparadores, e os novos serviços oferecidos (todos online), não só estimularam a concorrência, reduzindo ou eliminando taxas, como permitiram baixar os custos com a obtenção e pagamento dos créditos.
Mas se a tecnologia nos trouxe até aqui, o futuro reserva-nos mais e ainda melhores soluções. Em breve, teremos neste, um setor cada vez mais rápido, seguro e personalizado. É neste sentido que apontam as tendências, com a inclusão de novas abordagens que prometem grandes alterações a clientes e instituições.
Um dos exemplos é a inteligência artificial.
Inteligência artificial
A AI, abreviatura inglesa do termo, está na ordem do dia. A forma como conseguimos que um algoritmo aprenda sobre os utilizadores, adaptando-se e auxiliando-o na tomada de decisão, tem aberto um vasto número de possibilidades. Também no setor do crédito terá um papel central no serviço prestado.
São inúmeras as aplicações a esta área, tanto para consumidores como instituições. A sua capacidade preditiva será fundamental na automatização de processos, avaliação e gestão de risco, deteção de fraudes e, claro, no atendimento ao cliente, através da personalização de ofertas.
À inteligência artificial, junta-se o open banking.
Open Banking
Se há algo que a tecnologia nos habituou, em particular com a internet, foi o acesso livre e fácil à informação. O open banking, trata-se da partilha de dados e serviços de clientes entre instituições financeiras. Desta forma, novos produtos e serviços podem ser oferecidos. Como exemplo disso temos análises de crédito mais precisas, investimentos personalizados ou serviços de aconselhamento financeiro.
À data, existem já algumas instituições integradas neste sistema que, por outras palavras, partilha o histórico de crédito que os clientes construíram com outras instituições. Com isto, os consumidores conseguem ter acesso a opções totalmente adaptadas ao seu perfil e padrão de preferência.
Mas há mais estrangeirismos a caminho do setor do crédito. Falo do big data.
Big Data
O big data está em crescente utilização no setor e a tendência é que se torne num auxílio cada vez mais imprescindível à manobra das instituições de crédito. A aposta nesta tecnologia, permite aumentar ainda mais a rapidez e fiabilidade das análises financeiras. O grande volume de informação recolhida e trabalhada ajuda a compreender o comportamento do consumidor e a personalizar com maior exatidão as preferências e produtos financeiros a oferecer.
Com o big data beneficiam clientes e instituições.
Em suma, estas tendências estão e vão transformar muito rapidamente o setor. As mudanças vividas simplificaram o acesso a um serviço complexo, reduzindo o tempo, custo e esforço dos consumidores. Por outro lado, as tendências trazem consigo maior personalização da oferta, do lado da procura, e otimização dos recursos e serviços, do lado da oferta.
Todas estas transformações desbloquearam um número infinito de opções. Temos de dar crédito à tecnologia.
Sobre o João Pereira, CEO da Gestlifes
Com vários anos no mercado de financiamento, fundou a Gestlifes em 2018. Gere as operações e estratégias de intermediação e domina por completo os temas de crédito pessoal, consolidado, automóvel e habitação.
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